Há pássaros portugueses em Berlim

Há pássaros portugueses em Berlim


Secção competitiva inaugurada pela nova direção da Berlinale conta com a primeira longa-metragem de Catarina Vasconcelos.


A Metamorfose dos Pássaros, de Catarina Vasconcelos, terá a sua estreia mundial na 70.ª edição do Festival de Cinema de Berlim, em fevereiro, na nova secção competitiva Encontros, criada pela nova direção artística do festival, liderada por Carlo Chatrian, ex-diretor do Festival de Cinema de Locarno, como plataforma para "apoiar novas vozes no cinema e dar mais espaço a narrativas diversas e a formas documentais no programa oficial".

A estreia na longa-metragem de Catarina Vasconcelos, realizadora de Metáfora ou a Tristeza Virada do Avesso, que venceu em 2014 o prémio de Melhor Curta no Cinéma du Réel, compete na nova secção da Berlinale entre uma seleção de 15 títulos que "apresentam a vitalidade do cinema em todas as suas formas" veio criar um novo espaço no festival que comemora entre 20 de fevereiro e 1 de março a sua 70.ª edição. 

Cada um desses filmes, explica Chatrian no comunicado de imprensa divulgado ontem, juntamente com os filmes, "apresenta uma forma diferente de interpretar uma história cinematográfica: autobiográfica, íntima, política, social, filosófica, épica, surreal". A juntar às novas obras de cineastas "já admirados", como é o caso de Josephine Decker, Heinz Emigholz, Victor Kossakovsky, Alexander Kluge, Matías Piñeiro, Ivan Ostrochovský, Camilo Restrepo, Tim Sutton e C.W. Winter e Anders Edström, a direção destaca também outros novos, que "o festival descobriu", entre os quais coloca o de Catarina Vasconcelos, com A Metamorfose dos Pássaros.

Uma produção da Primeira Idade que parte da história da família da realizadora – da história dos avós até chegar à do seu seu pai, Jacinto, irmão mais velho de seis, que perdeu a mãe subitamente, e do encontro da realizadora com ele no dia em que também a sua mãe morreu. "Nesse dia, eu e o meu pai encontramo-nos na perda da mãe e a nossa relação deixou de ser só a de pai e filha", escreve Catarina Vasconcelos numa sinopse que torna claro o registo pessoal em que construiu o filme. 

Esta nova secção competitiva, que vem juntar-se à Competição e às Berlinale Shorts (que não conta nesta edição com nenhum título português, num corte com o que se tinha tornado já um hábito nos últimos anos, em que Leonor Teles, em 2016, e Diogo Costa Amarante, em 2017, venceram o Urso de Ouro das Curtas) atribuirá três prémios: Melhor Filme, Melhor Realizador e Prémio Especial do Júri.

O Júri da Competição, cuja programação não é ainda conhecida, é este ano presidido por Jeremy Irons.