Quase mil casos de violência contra profissionais de saúde até setembro

Quase mil casos de violência contra profissionais de saúde até setembro


Direção Geral da Saúde recebeu 995 notificações até ao final do terceiro trimestre de 2019. Maioria dos casos são de assédio moral e violência verbal


São mais de três queixas por dia e um número recorde desde que foi montando o sistema de notificação de episódios de violência contra profissionais de saúde. Em 2019, até setembro, a Direção Geral da Saúde, que gere o sistema Notifica, recebeu 995 notificações, o que ultrapassa as 953 queixas recebidas em todo o ano de 2018, revela o relatório do terceiro trimestre do ano passado, a que o i teve acesso. Esta manhã a ministra da Saúde tinha adiantado à TSF que até ao final do terceiro trimestre do ano passado tinham sido registadas cerca de 900 queixas, mas estão mais perto das mil.

Os relatórios do Notifica apresentam os totais acumulados e perfil de agressões desde 2007, pelo que não é possível perceber em concreto qual a distribuição de ocorrências ao longo do último ano, marcado nos últimos dias por três casos de agressões físicas contra médicos.

Desde 2007, a DGS revela que foram recebidas 5251 notificações. Dominam os casos de assédio moral/mobbing, que representam 55% dos incidentes. Seguem-se os casos de violência verbal (22%), violência física (13%), danos de bens da instituição, ameaças físicas com objeto, dano de bens de popriedade privada, ameaça de morte e assédio sexual, representando cada uma destas classificações 2% dos casos.

Os enfermeiros são o grupo profissional que fez mais notificações, cerca de 50% das ocorrências. Seguem-se os médicos (27%) e os assistentes técnicos (12%). Na maioria das vezes o agressor foi um doente (56% dos casos), seguindo-se casos em que as agressões foram cometidas por familiares de utentes (21%) e profissionais das mesmas instituições (20%).

O relatório relativo ao terceiro trimestre era esperado em dezembro, mas só esta sexta-feira foi relevado. Questionada pelo i nas últimas semanas, e já nos últimos dias, a DGS tinha informado que o documento ainda não estava pronto. Esta manhã, entrevistada pela TSF, a ministra da Saúde anunciou que o Governo está trabalhar no sentido de avançar ainda este mês com uma estratégia para a prevenção destes casos.