Leio e não acredito. Mais de 100 jornalistas assinaram um abaixo-assinado em defesa da honra de Maria Flor Pedroso, diretora de informação da RTP até ontem. “É uma das mais sérias profissionais do jornalismo português”, que chegou “por mérito ao cargo que atualmente ocupa”. “É uma defensora irredutível do jornalismo livre, rigoroso, sem cedências ao mediatismo, a investigações incompletas ou à pressão de poderes de qualquer natureza”. Genial! Os jornalistas comportam-se ao nível dos amigos dos políticos investigados pela justiça e que acham um atentado inconcebível do Ministério Público duvidar da honestidade de tais figuras.
Como é possível profissionais que têm como obrigação ouvir sempre os dois lados em confronto tomarem partido por Maria Flor Pedroso sem saberem se sabotou ou não uma reportagem? Sem saberem se adiou ou não uma peça incómoda para o Governo em véspera de eleições? Que não achou relevante prémios escandalosos numa companhia aérea com prejuízos brutais?
O passado de Maria Flor Pedroso tem alguma coisa a ver com estes factos? Com que legitimidade é que tantos profissionais decidem acusar Sandra Felgueiras e a equipa do Sexta às 9 de mentirem? Leram as atas do conselho de redação, onde a diretora de informação revelou mais contradições do que certezas? Onde revelou várias versões para o adiamento da reportagem do lítio? Onde reconheceu que falou com a responsável do ISCEM, o tal instituto onde tinha lecionado durante oito anos, e lhe disse que estava a ser investigada?
Em nome de quê tantos profissionais com provas dadas se sujeitam a um papel destes? É assim que tratam as notícias? O fulano tal tem uma reputação imaculada, logo não pode ser investigado pelo Ministério Público? É assim que pensam? Flor Pedroso é acusada de ter boicotado uma reportagem, escondido outra e desvalorizado uma terceira. Sem saberem de que lado está a razão, tomam as dores do acusado? Mais uma vez, genial!