Hoje, com alguma regularidade, há multas a clubes por comportamentos “racistas” dos seus adeptos. Às vezes são cânticos, outras vezes dizem respeito a insultos a um jogador. Recordo o episódio de um adepto que atirou uma banana ao jogador Dani Alves – facto que se tornou um escândalo mundial.
Recentemente, uma brincadeira de Bernardo Silva com um amigo negro, comparando uma foto do amigo em criança a um boneco, transformou-se num caso gravíssimo, com inquéritos ao mais alto nível e ameaças de suspensões e multas. Não serviu de nada os envolvidos dizerem que era uma brincadeira entre amigos: o crime era público e portanto tinha de ser levado às últimas consequências.
Este fundamentalismo antirracista vai acabar mal.
Já o tinha escrito há uns anos a propósito das campanhas da UEFA com faixas no campo e braçadeiras nos jogadores dizendo “não ao racismo”. Estranho que os seus promotores não percebam o lado perverso destas campanhas. Os racistas não deixarão de ser racistas por causa desses apelos; e os que nunca pensaram muito nisso podem reagir negativamente.
O processo a Bernardo Silva teve, aliás, esse efeito. Muita gente que não é racista indignou-se com a perseguição ao jogador e, não passando a ser racista, colocou-se pelo menos contra os fundamentalistas do antirracismo. Ficou a detestá-los. Estão nesse caso todos os adeptos do seu atual clube, o Manchester City, que são muitos, e mais os portugueses que mantêm carinho pelo jogador e são muitíssimos.
Aliás, todas as campanhas ideológicas têm este problema. São inúteis em relação aos convencidos, acicatam os que tem posições contrárias e despertam para o tema muitos que até aí não o estavam, acordando demónios adormecidos.
Refira-se que o futebol é um dos setores onde o racismo nunca foi problema. Os clubes compram jogadores não pela cor da pele mas por serem bons. Os adeptos gostam mais ou menos de um jogador não em função da cor da pele mas da sua qualidade. A prova é que as grandes equipas europeias estão cheias de negros. E não consta que um treinador tenha preferido um jogador a outro por ser branco ou negro.
Para os adeptos do Benfica o jogador mais adorado ainda será Eusébio – e ninguém se importa se era branco ou preto.
A seleção inglesa, de um país de gente loura e branquinha, está cheia de jogadores negros. A seleção francesa já foi constituída por dez jogadores negros e um branco (o guarda-redes). E ninguém levantou qualquer problema por isso.
Os problemas estão a ser levantados pelos fundamentalistas antirracismo. Esses é que estão com as suas campanhas a atiçar a questão. Com as multas aos clubes, com os inquéritos a Bernardo Silva e quejandos, estão a atirar para as fileiras racistas muitos indiferentes.
É preciso dizê-lo claramente: as campanhas antirracistas estão a promover ativamente o racismo.