Oh, as casas

Oh, as casas


“Os edifícios antigos não nos pertencem. Em parte são propriedade daqueles que os construíram; em parte das gerações que estão por vir. Os mortos ainda têm direitos sobre eles: aquilo por que se empenharam, não cabe a nós tomar”. 


A nossa casa é, idealmente, o lugar por excelência onde melhor nos sentimos, refúgio, castelo, recinto privilegiado em que assistimos ao desenrolar das vidas dos que nos são próximos. Um edifício abandonado ou em ruínas confronta-nos desapiedadamente com vida vivida, para sempre desaparecida ali e, por consequência, com a melancolia da finitude. É sobre isto que nos fala The Building (O Edifício, na tradução brasileira), de Will Eisner (1917-2005), dos autores mais talentosos que a BD já conheceu, criador do Spirit e um dos pioneiros da graphic novel.

O Edifício é uma história sobre um prédio nova-iorquino, situado no cruzamento de duas avenidas, que albergou dezenas de famílias e indivíduos ao longo de décadas, silenciosa testemunha de outras tantas existências. Uma epígrafe inicial de John Ruskin dá o tom: “Os edifícios antigos não nos pertencem. Em parte são propriedade daqueles que os construíram; em parte das gerações que estão por vir. Os mortos ainda têm direitos sobre eles: aquilo por que se empenharam, não cabe a nós tomar”. 

Com o desenho singular que o caracteriza, o tratamento opulento da prancha como vinheta isolada ou superfície única para várias vinhetas, com ou sem cercadura, Eisner consegue o pleno na arte combinatória da novela gráfica. 

 

O Edifício

Texto e Desenhos Will Eisner

Editora Editora Abril, São Paulo, 1987