Costa não se importa de salpicar seja quem for (nem mesmo a si próprio)


Quanto aos parceiros da geringonça, que antes dizia serem fundamentais, chama-lhes “amigos” mas tenta ao mesmo tempo sacudi-los como se não passassem de uma cangalhada obsoleta, inútil e que só atrapalha. Esclarecedor.


Marcelo Rebelo de Sousa apelou aos partidos para que fizessem uma campanha low cost e António Costa está a seguir o conselho à letra. Nos últimos dias o primeiro-ministro tem-se desdobrado em entrevistas (Expresso, TVI, Lusa) em que pisca o olho ao eleitorado em busca de uma maioria absoluta que parece cada vez mais ao seu alcance. É fácil, é grátis e permite-lhe passar a imagem e as mensagens que bem entender.

Costa tem tentado assumir a pose de grande estadista, confortavelmente instalado no poder. Num refinado exercício de hipocrisia, deu-se mesmo ao luxo de dizer que os portugueses não gostam de maiorias absolutas, dando a entender que está pouco preocupado com o resultado das próximas eleições. Na verdade, tentou com isso fazer-nos acreditar que não ambiciona o poder absoluto, pelo que os portugueses podem votar nele à vontade, sem receios…

É bom que se diga que, apesar do tom tranquilo, cordato e benevolente do primeiro-ministro, tem sido indecoroso o espetáculo de hipocrisia e de trocas de recados e de acusações nesta última semana.

Costa fez, por exemplo, ironia com o facto de Rui Rio estar de férias aquando da greve dos motoristas (como se o líder da oposição tivesse alguma coisa que ver com o assunto), esquecendo-se de que ele próprio não quis adiar ou interromper as suas apesar de acontecimentos incomparavelmente mais graves, como os fogos ou o roubo de Tancos.

Quanto aos parceiros da geringonça, que antes dizia serem fundamentais (ao ponto de dizer que mesmo com maioria absoluta gostaria de manter esta solução), chama-lhes “amigos” mas tenta ao mesmo tempo sacudi-los como se não passassem de uma cangalhada obsoleta, inútil e que só atrapalha. Esclarecedor.

Finalmente, para afastar os receios daqueles que o veem como um descendente de Sócrates, teve até o desplante de classificar como de “má memória” um governo de que ele próprio fez parte!

Há algo de extraordinário em tudo isto: é que Costa não se importa de salpicar seja quem for para atingir os seus objetivos. Nem mesmo a si próprio. Até porque, mesmo quando é salpicado, parece conseguir sempre que as coisas desagradáveis não se colem a ele. Será um dom, uma arte ou uma habilidade?

Costa não se importa de salpicar seja quem for (nem mesmo a si próprio)


Quanto aos parceiros da geringonça, que antes dizia serem fundamentais, chama-lhes “amigos” mas tenta ao mesmo tempo sacudi-los como se não passassem de uma cangalhada obsoleta, inútil e que só atrapalha. Esclarecedor.


Marcelo Rebelo de Sousa apelou aos partidos para que fizessem uma campanha low cost e António Costa está a seguir o conselho à letra. Nos últimos dias o primeiro-ministro tem-se desdobrado em entrevistas (Expresso, TVI, Lusa) em que pisca o olho ao eleitorado em busca de uma maioria absoluta que parece cada vez mais ao seu alcance. É fácil, é grátis e permite-lhe passar a imagem e as mensagens que bem entender.

Costa tem tentado assumir a pose de grande estadista, confortavelmente instalado no poder. Num refinado exercício de hipocrisia, deu-se mesmo ao luxo de dizer que os portugueses não gostam de maiorias absolutas, dando a entender que está pouco preocupado com o resultado das próximas eleições. Na verdade, tentou com isso fazer-nos acreditar que não ambiciona o poder absoluto, pelo que os portugueses podem votar nele à vontade, sem receios…

É bom que se diga que, apesar do tom tranquilo, cordato e benevolente do primeiro-ministro, tem sido indecoroso o espetáculo de hipocrisia e de trocas de recados e de acusações nesta última semana.

Costa fez, por exemplo, ironia com o facto de Rui Rio estar de férias aquando da greve dos motoristas (como se o líder da oposição tivesse alguma coisa que ver com o assunto), esquecendo-se de que ele próprio não quis adiar ou interromper as suas apesar de acontecimentos incomparavelmente mais graves, como os fogos ou o roubo de Tancos.

Quanto aos parceiros da geringonça, que antes dizia serem fundamentais (ao ponto de dizer que mesmo com maioria absoluta gostaria de manter esta solução), chama-lhes “amigos” mas tenta ao mesmo tempo sacudi-los como se não passassem de uma cangalhada obsoleta, inútil e que só atrapalha. Esclarecedor.

Finalmente, para afastar os receios daqueles que o veem como um descendente de Sócrates, teve até o desplante de classificar como de “má memória” um governo de que ele próprio fez parte!

Há algo de extraordinário em tudo isto: é que Costa não se importa de salpicar seja quem for para atingir os seus objetivos. Nem mesmo a si próprio. Até porque, mesmo quando é salpicado, parece conseguir sempre que as coisas desagradáveis não se colem a ele. Será um dom, uma arte ou uma habilidade?