Álvaro Santos Pereira usou a sua conta no Twitter para criticar o facto de, cinco anos depois da queda do Banco Espírito Santo (BES), ninguém ter enfrentado consequências em tribunal.
“Cinco anos volvidos após ter sido desvendada a maior fraude e pirâmide financeira da nossa história, ninguém foi preso ou sequer julgado. Perante isto, como é que a nossa justiça pretende permanecer credível aos olhos dos cidadãos? Por que é que os partidos não fizeram mais?”, escreveu o antigo ministro da Economia na sua conta oficial no Twitter.
Santos Pereira defende que o processo deveria ser dividido em várias partes e apontou o dedo ao funcionamento da Justiça.
“Em parte, a lentidão deve-se à dimensão do processo. Mas, por que não fazer como noutros países, dividindo os mega processos por áreas? Se houve fraude fiscal, que se julguem (e prendam) as pessoas nessa base. As demais acusações (mais complicadas) poderão ser julgadas depois. O que não é de todo aceitável é a impunidade vigente. O que não se pode aceitar é manter-se tudo no limbo judicial atual. Um limbo que mina a credibilidade da Justiça e da própria Democracia”, defendeu o atual diretor do departamento de economia da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE).
A queda de um império A 30 de julho, o banco fundado pela família Espírito Santo apresentou perdas históricas de 3.577,3 milhões de euros. O BES justificava este prejuízo com “fatores de natureza excecional ocorridos durante o (…) exercício [que] determinaram a contabilização de prejuízos, de imparidades e de contingências”.
O custo com imparidades e contingências ficou acima dos 4,2 mil milhões de euros, mas o conselho de administração, já liderado por Vítor Bento, defendeu que ainda existiam “condições para a recuperação económica do grupo”. A administração queria continuar, mas a verdade é que, cinco dias depois deste anúncio, tudo mudou.
A 3 de agosto, o Banco de Portugal (BdP) anunciou que “a generalidade da atividade e do património do Banco Espírito Santo, S.A., é transferida para um banco novo, denominado de Novo Banco, devidamente capitalizado e expurgado de ativos problemáticos”. Assim nascia a divisão entre o Novo Banco e o ‘banco mau’, iria concentrar os ativos e passivos tóxicos do BES.
Ainda hoje, famílias lesadas continuam à espera do seu dinheiro. A resolução do BES já custou ao Estado mais de cinco mil milhões de euros.