Este país não é para grávidas. Uma vergonha nacional


 Mas que país é este em que o primeiro-ministro, já em campanha eleitoral, vem anunciar aumentos para a função pública e não consegue manter as maternidades abertas para as grávidas poderem ter os seus filhos em tranquilidade?


Portugal é um dos países com a população mais envelhecida da Europa e o futuro começa a ficar em causa devido à baixa da natalidade. No tempo em que a troika andava por cá, muito se discutiu o fecho de algumas maternidades no interior do país e a própria maternidade de Portugal, a Alfredo da Costa. Seria, pois, de esperar que, com o fim da crise, a geringonça apostasse muito nos incentivos à natalidade e procurasse canalizar pessoas e serviços para o interior do país, dando-lhes vantagens para contribuírem para o aumento da população. Creches gratuitas e impostos mais baixos para famílias numerosas podiam ser algumas das medidas, mas o que se soube esta semana pelo Público é arrepiante num país de velhos: as quatro principais maternidades da Grande Lisboa não têm obstetras, neonatologistas e anestesistas, obrigando a uma ginástica fantástica para manter sempre abertas três das maternidades nos próximos três meses. Ora abres tu, ora abro eu é a hipótese em cima da mesa. Mas que país é este em que o primeiro-ministro, já em campanha eleitoral, vem anunciar aumentos para a função pública e não consegue manter as maternidades abertas para as grávidas poderem ter os seus filhos em tranquilidade? O que quererá a geringonça com esta miséria a que chegou a saúde? Que as grávidas vão todas para o privado? Que ninguém pense em ter filhos? Situação mais bizarra seria de difícil imaginação e está ao nível de um país terceiro-mundista. O Presidente da República já se mostrou preocupado, a Ordem dos Médicos também, o BE quer explicações, e o Governo diz que está a acompanhar a situação. O problema não está, em princípio, na ministra da Saúde, mas se é a principal responsável pelo setor, o que espera para se demitir? Se não consegue convencer o primeiro-ministro e o ministro das Finanças do caos em que se encontram os hospitais públicos portugueses, então é melhor seguir outro caminho. É que o estado de degradação da saúde chega ao ponto de doentes do hospital de Évora tomarem banho de água fria há mais de um mês por causa de um suposto caso de legionela. Pior é difícil.