O que se passa na Venezuela é um verdadeiro mistério, dando azo a todas as especulações possíveis e imaginárias. Em primeiro lugar, existe um Presidente que foi eleito numa verdadeira farsa em que a oposição foi afastada de participar, tendo o Governo de Maduro prendido o líder da oposição, acusando-o das coisas mais estapafúrdias. Depois há um Presidente que se autoproclamou, sem que o povo fosse tido ou achado. Nestas duas figuras começa o mistério: como é possível Maduro permitir ter um adversário que é reconhecido por mais de 52 países como o verdadeiro, o legítimo Presidente do país? O sucessor de Chávez já ameaçou há vários meses que Juan Guaidó seria preso mas, até agora, nada.
Porque será? Qual a razão para Maduro, um ditadorzeco ridículo, não prender Guaidó? Como é possível que o Presidente reconhecido pelos EUA e União Europeia tenha conseguido libertar o seu mentor político da prisão domiciliária, sem ter as tropas do seu lado? Será que a Rússia, um grande arauto da democracia para muitos – como é possível? –, se entendeu com os EUA, um dos grandes arautos da hipocrisia, permitindo esta solução híbrida? Por que razão as tropas de Maduro, com os seus veículos blindados, passaram por cima de alguns manifestantes e depois recuaram?
É óbvio que há muitos interesses envolvidos na Venezuela: Cuba, Rússia, China e EUA são os mais evidentes, embora muitos outros tenham ali “participações”. Talvez por isso seja possível existir esta situação de um país, dois Presidentes.
No meio de tanta contrainformação, não se percebe como os manifestantes aparentam tanta robustez, já que se fala com tanta frequência numa população faminta, sem acesso a produtos alimentares. Mas também é verdade que cerca de três milhões de venezuelanos já fugiram à miséria declarada e emigraram.
Como irá acabar toda esta farsa é uma pergunta de um milhão de dólares. E, no fundo, tudo passará por haver dinheiro para calar uns, os militares, e promover outros que paguem as dívidas aos credores.