PSD contesta palestras de associações LGBT nas escolas

PSD contesta palestras de associações LGBT nas escolas


A polémica nasceu com um debate sobre igualdade de género numa escola do Barreiro. Deputado do PSD vai pedir explicações ao governo


O deputado do PSD e líder da distrital de Setúbal Bruno Vitorino tenciona pedir explicações ao governo sobre uma palestra na escola básica do Barreiro para “promover a igualdade de género e sensibilizar os alunos para as diferentes orientações sexuais”.

A iniciativa, que foi apresentada como uma visita de estudo, embora se realizasse no auditório da escola, está a gerar polémica porque foi pedido dinheiro aos pais que reverte a favor de uma associação LGBTI.

O presidente do PSD/Setúbal reagiu com duras críticas à iniciativa que classificou como uma vergonha. “Que porcaria é esta?”, questionou, na sua página de Facebook, o deputado social-democrata. Ao i, Bruno Vitorino contesta que “determinadas entidades entrem nas escolas para doutrinar os nossos filhos, nomeadamente em relação a alguns temas que são complexos e delicados”.

O deputado do PSD garante que não é “homofóbico”, mas não aceita que “estas matérias sejam entregues a associações duvidosas que tem a sua própria agenda política e ideológica”. O social-democrata tenciona, por isso, enviar um requerimento ao Ministério da Educação para apurar em que escolas estão a ser promovidos este tipo de debates sobre a igualdade de género e quem “acompanha e fiscaliza”. Bruno Vitorino garante que as críticas que fez à escola do Barreiro já lhe valeram várias “ameaças e agressões verbais de pessoas ligadas ao Bloco de Esquerda e de algumas associações”.

Nilza de Sena, que integra a Comissão de Educação e Ciência, também defendeu que “promover sessões de LGBTI para alunos do 6º e 8º anos, que têm entre 11 e 13 anos, e pedir dinheiro para associações de gays, lésbicas e transexuais ultrapassa tudo”. A deputada do PSD classificou estas iniciativas como “sessões duvidosas em algumas escolas sobre temas distantes dos planos curriculares e ao sabor de um certo modernismo ou de certa agenda política”.

Do lado do PS, o deputado André Pinotes Batista, eleito por Setúbal, saiu em defesa da escola e considerou “inaceitável que o nome de uma comunidade educativa inclusiva seja enlameado por mero preconceito ou taticismo partidário”. Para o deputado socialista, “o imenso ruído criado em torno da angariação de 27 euros para um evento que visou promover a igualdade de género apenas denota o desconhecimento sobre a atividade regular que ali se desenvolve”.

A coordenadora da escola EB 2/3 Quinta da Lomba, Anabela Luz, explicou ao semanário “SOL” que o valor de 0,50 euros, pedido aos alunos, destinou-se a pagar as deslocações dos dois oradores da associação LGBTI. A responsável admitiu que a iniciativa não foi pacífica e houve pais que não deixaram os filhos assisti. “Não pela questão do pagamento mas pelo tema em si e da associação em si e das pessoas que vinham”, acrescentou.

A associação rede Ex Aequo, que promoveu esta palestra, realizou 135 sessões nas escolas em 2018 e tem 126 previstas para este ano. “Penso que esta reação mostra a necessidade de falar destes temas. Ainda há muita gente que tem uma postura como a que houve nesta escola mas para isso é que a associação existe. Para muitos alunos é a primeira vez que falam sobre isto. O objetivo essencial das sessões é a redução do bullying em meio escolar”, explica Nick Lorgat, um dos responsáveis desta associação, que funciona como “uma rede de apoio, quebra de isolamento e ativismo para jovens lésbicas, gays, bissexuais, trans, intersexo e apoiantes entre os 16 e os 30 anos”.