Fernando Negrão acusa PS de meter ética republicana na gaveta

Fernando Negrão acusa PS de meter ética republicana na gaveta


O líder parlamentar do PSD atacou ontem o governo em várias frentes no arranque das jornadas parlamentares, no Porto, a começar pela quarta e última remodelação do Executivo socialista. Fernando Negrão acusou o primeiro-ministro de escolher uma equipa “cada vez mais enredada nas teias familiares de maridos e mulheres, e de pais e filhos”.


A ética falhou, segundo Negrão, porque Costa  afunilou as suas opções “a critérios de consanguinidade ou de relações familiares – critérios que nenhum parentesco devia ter com um regime democrático consolidado”. Assim, “o problema é de ética republicana, algo que este PS também meteu na gaveta”, atirou Fernando Negrão, aludindo, sem nomear, aos casos da ministra da Presidência, Mariana Vieira da Silva, filha do ministro do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social, Vieira da Silva. Ou também ao facto de o ministro da Administração Interna, Eduardo Cabrita, ser casado com a ministra do Mar, Ana Paula Vitorino. Negrão não especificou ministérios, mas estes exemplos têm sido usados como arma de arremesso político.

A remodelação foi apenas um dos pontos críticos do discurso a pensar já nos dois atos eleitorais de 2019: europeias e legislativas. As primeiras serão a 26 de maio e o líder da bancada social-democrata entrou em campo para sublinhar as diferenças entre o cabeça de lista do partido, Paulo Rangel (convidado para jantar nas jornadas), e o adversário socialista, Pedro Marques. “Paulo Rangel não é um candidato pré-fabricado, não é uma criação artificial saída a martelo dos moldes da propaganda do governo de António Costa e que até já tem apalavrado um putativo lugar como comissário europeu”, afirmou Negrão, confiante na vitória do PSD.

 

Telhados de vidro

Mas o capítulo das europeias não ficou por aqui e Negrão acrescentou que os sociais-democratas não têm “telhados de vidro” porque não são apoiados por “forças políticas intrinsecamente anti-Europa e aferradamente contra o euro”, numa referência direta ao PCP e ao Bloco de Esquerda que suportam a solução governativa no Parlamento.

Também Pedro Nuno Santos, atual ministro das Infraestruturas e Habitação, mereceu uma menção pela declaração do passado onde chegou a admitir que não se pagasse a dívida. E, por último, o dossiê do Montepio sobre o qual Negrão exigiu iniciativa ao ministro Vieira da Silva. Em causa está  a “enorme nebulosa” que envolve o Montepio Geral, devido à condenação de Tomás Correia, a pagar uma multa de 1,25 milhões de euros por alegadas irregularidades detetadas entre 2008 e 2015 no banco.

 

“Governo dos pequeninos”

Negrão disparou várias vezes contra a falta de ambição de António Costa. “Este consegue ser o governo dos pequeninos. Dos objetivos pequeninos, das responsabilidades pequeninas, dos erros pequeninos, das medidas pequeninas e do crescimento pequenino”, afirmou o líder da bancada do PSD, acusando o primeiro-ministro de “só ser grande no desejo de sobrevivência e de manutenção no poder”. 

As jornadas parlamentares dos sociais-democratas terminam hoje, mas já existe uma polémica: o slogan da iniciativa é igual ao slogan do PS desde 2017: Portugal Melhor. Ora, o PSD tem usado outro slogan: Portugal primeiro.