Queremos Menos Emprego para o Futuro


As pessoas gastam demasiado tempo na função ‘Emprego’ sem necessidade


O tema do Futuro do Emprego está nas bocas do mundo. 

Vários relatórios de insuspeitas instituições públicas e privadas têm vindo a lume sobre este tópico, geralmente anunciando ou o Apocalipse do Desemprego (a ‘tecnologia’ vai fazer com que a maioria das atuais profissões desapareçam, gerando uma onda de desemprego massivo e lançando o mundo no caos) ou uma nova Era Dourada do Trabalho (mesmo que a ‘tecnologia’ acabe com alguns empregos, muitos mais e melhores serão criados com as novas necessidades que surgirão, gerando uma nova vaga de crescimento económico).

Faço desde já a confissão que aposto no cenário de Apocalipse do Desemprego. Não necessariamente porque sou um especialista na matéria ou por possuir dons oraculares, e mais por ter um desejo pessoal: o de que o ‘Emprego’ tenha um peso muito menor na vida de cada um.

Considero que as pessoas gastam demasiado tempo na função ‘Emprego’ sem necessidade, o que provoca efeitos imensamente negativos em outras dimensões da vida de cada um e da sociedade (como o desenvolvimento pessoal, a família, a comunidade, etc). Como se pode querer que as pessoas sejam mais maduras espiritualmente se tudo em seu redor lhes parece dizer que a sua missão neste mundo é ter um ‘Emprego’ para ganhar dinheiro e o poder gastar?
Com o atual desenvolvimento tecnológico (cujo um dos grandes objetivos, desde sempre, é substituir o trabalho humano) é estúpido querer manter no centro da vida da nossa sociedade conceitos como ‘Pleno Emprego’, ou sequer o papel central que o ‘Emprego’ tem na vida das pessoas. Há séculos atrás a maior parte da população trabalhava na agricultura.

Hoje são menos de 6% em Portugal. É para isto que serve a tecnologia.

Sob uma outra perspectiva, confesso também não perceber a obsessão de tanta gente (sobretudo políticos, o que me coloca logo uma pulga atrás da orelha) com conceitos como ‘Emprego’, ‘Taxa de Desemprego’ e ‘Pleno Emprego’. Cada vez mais me parece não ser outra coisa senão uma excelente forma de controlo social: aquele que tem um ‘Emprego’ e tem medo de o perder estará à partida muito mais ‘calminho’. Isto é errado, é condenar as pessoas a viverem como escravos (mesmo que o seu telemóvel ou o carro novo lhes pareçam dizer o contrário). 

Como é possível que este modelo económico e social não evolua? Porque não se tentam mudar as mentalidades para que ‘Emprego’ seja visto como um meio e não como um fim? Porque não é possível haver uma rede social de redistribuição da riqueza existente (por exemplo um Rendimento Básico Incondicional) que não obrigue pessoas a aceitarem empregos miseráveis de 600€ / mês com medo da indigência? Porque continuamos a insistir em 40 horas de trabalho por semana se a maioria das pessoas passa grande parte desse tempo a não fazer nada produtivo? Porque obrigamos as pessoas a literalmente terem de dar mais importância ao seu ‘Emprego’ que à sua vida e às pessoas? Acho tudo isto não só uma estupidez negligente e pouco esclarecida: é de uma crueldade desumana.

Há riqueza suficiente na nossa sociedade para que as coisas não sejam assim; ’só’ tem de ser melhor distribuída (sei que é um ‘só’ desafiante). Não advogo uma sociedade baseada no ócio. Sei que o Trabalho efetivamente dignifica o Homem em múltiplas perspectivas. Mas ‘Trabalho’ não é sinónimo de ‘Emprego’. ‘Trabalho' é todo o esforço humano que cria algum tipo de valor (material ou não) para quem o faz e para os restantes. ‘Emprego' é…. bom, na maioria das vezes é mesmo só isso: ‘Emprego’, não tem necessariamente de criar valor para nada nem ninguém.

Baseado em tudo o que escrevo acima, tenho assim este desejo pouco secreto que a evolução da tecnologia acarrete realmente uma perspetiva apocalíptica sobre o ‘Emprego’, e que literalmente elimine muitas profissões e faça com que sejam necessários muito (muito) menos esforço e tempo humanos para que a sociedade e a economia continuem a funcionar e evoluir.

É natural que as pessoas tenham medo deste cenário, pois a centralidade e importância do ‘Emprego’ nas suas vidas assume tais proporções que a ameaça do seu desaparecimento é sentida como uma ameaça direta contra a sua integridade pessoal. E ao invés de exigir um novo modelo social, que lhes permita diminuir a importância do ‘Emprego’, seguem e votam iludidos em quem lhes promete mais ‘Emprego’ (não há um político que o não faça, o que é significativo). 

Este fenómeno de identificação entre Pessoa e Emprego é perverso e triste, mas é uma realidade promovida ativamente por todas as entidades que necessitam de ‘empregados’ para existirem (políticos, empresas, etc).

Pessoalmente, um dos meus grandes objetivos pessoais é precisamente o de ter menos ‘Emprego’, e conseguir com isso mais tempo para mim, para os meus e para os Trabalhos que, não sendo Empregos, me trazem satisfação e sentido de realização (como escrever estes artigos).

A escravidão tende a estar fora de moda.

Pedro Moura
Sócio do OBEGEF (Observatório de Gestão e Economia da Fraude)
https://www.linkedin.com/in/pedromoura/


Queremos Menos Emprego para o Futuro


As pessoas gastam demasiado tempo na função ‘Emprego’ sem necessidade


O tema do Futuro do Emprego está nas bocas do mundo. 

Vários relatórios de insuspeitas instituições públicas e privadas têm vindo a lume sobre este tópico, geralmente anunciando ou o Apocalipse do Desemprego (a ‘tecnologia’ vai fazer com que a maioria das atuais profissões desapareçam, gerando uma onda de desemprego massivo e lançando o mundo no caos) ou uma nova Era Dourada do Trabalho (mesmo que a ‘tecnologia’ acabe com alguns empregos, muitos mais e melhores serão criados com as novas necessidades que surgirão, gerando uma nova vaga de crescimento económico).

Faço desde já a confissão que aposto no cenário de Apocalipse do Desemprego. Não necessariamente porque sou um especialista na matéria ou por possuir dons oraculares, e mais por ter um desejo pessoal: o de que o ‘Emprego’ tenha um peso muito menor na vida de cada um.

Considero que as pessoas gastam demasiado tempo na função ‘Emprego’ sem necessidade, o que provoca efeitos imensamente negativos em outras dimensões da vida de cada um e da sociedade (como o desenvolvimento pessoal, a família, a comunidade, etc). Como se pode querer que as pessoas sejam mais maduras espiritualmente se tudo em seu redor lhes parece dizer que a sua missão neste mundo é ter um ‘Emprego’ para ganhar dinheiro e o poder gastar?
Com o atual desenvolvimento tecnológico (cujo um dos grandes objetivos, desde sempre, é substituir o trabalho humano) é estúpido querer manter no centro da vida da nossa sociedade conceitos como ‘Pleno Emprego’, ou sequer o papel central que o ‘Emprego’ tem na vida das pessoas. Há séculos atrás a maior parte da população trabalhava na agricultura.

Hoje são menos de 6% em Portugal. É para isto que serve a tecnologia.

Sob uma outra perspectiva, confesso também não perceber a obsessão de tanta gente (sobretudo políticos, o que me coloca logo uma pulga atrás da orelha) com conceitos como ‘Emprego’, ‘Taxa de Desemprego’ e ‘Pleno Emprego’. Cada vez mais me parece não ser outra coisa senão uma excelente forma de controlo social: aquele que tem um ‘Emprego’ e tem medo de o perder estará à partida muito mais ‘calminho’. Isto é errado, é condenar as pessoas a viverem como escravos (mesmo que o seu telemóvel ou o carro novo lhes pareçam dizer o contrário). 

Como é possível que este modelo económico e social não evolua? Porque não se tentam mudar as mentalidades para que ‘Emprego’ seja visto como um meio e não como um fim? Porque não é possível haver uma rede social de redistribuição da riqueza existente (por exemplo um Rendimento Básico Incondicional) que não obrigue pessoas a aceitarem empregos miseráveis de 600€ / mês com medo da indigência? Porque continuamos a insistir em 40 horas de trabalho por semana se a maioria das pessoas passa grande parte desse tempo a não fazer nada produtivo? Porque obrigamos as pessoas a literalmente terem de dar mais importância ao seu ‘Emprego’ que à sua vida e às pessoas? Acho tudo isto não só uma estupidez negligente e pouco esclarecida: é de uma crueldade desumana.

Há riqueza suficiente na nossa sociedade para que as coisas não sejam assim; ’só’ tem de ser melhor distribuída (sei que é um ‘só’ desafiante). Não advogo uma sociedade baseada no ócio. Sei que o Trabalho efetivamente dignifica o Homem em múltiplas perspectivas. Mas ‘Trabalho’ não é sinónimo de ‘Emprego’. ‘Trabalho' é todo o esforço humano que cria algum tipo de valor (material ou não) para quem o faz e para os restantes. ‘Emprego' é…. bom, na maioria das vezes é mesmo só isso: ‘Emprego’, não tem necessariamente de criar valor para nada nem ninguém.

Baseado em tudo o que escrevo acima, tenho assim este desejo pouco secreto que a evolução da tecnologia acarrete realmente uma perspetiva apocalíptica sobre o ‘Emprego’, e que literalmente elimine muitas profissões e faça com que sejam necessários muito (muito) menos esforço e tempo humanos para que a sociedade e a economia continuem a funcionar e evoluir.

É natural que as pessoas tenham medo deste cenário, pois a centralidade e importância do ‘Emprego’ nas suas vidas assume tais proporções que a ameaça do seu desaparecimento é sentida como uma ameaça direta contra a sua integridade pessoal. E ao invés de exigir um novo modelo social, que lhes permita diminuir a importância do ‘Emprego’, seguem e votam iludidos em quem lhes promete mais ‘Emprego’ (não há um político que o não faça, o que é significativo). 

Este fenómeno de identificação entre Pessoa e Emprego é perverso e triste, mas é uma realidade promovida ativamente por todas as entidades que necessitam de ‘empregados’ para existirem (políticos, empresas, etc).

Pessoalmente, um dos meus grandes objetivos pessoais é precisamente o de ter menos ‘Emprego’, e conseguir com isso mais tempo para mim, para os meus e para os Trabalhos que, não sendo Empregos, me trazem satisfação e sentido de realização (como escrever estes artigos).

A escravidão tende a estar fora de moda.

Pedro Moura
Sócio do OBEGEF (Observatório de Gestão e Economia da Fraude)
https://www.linkedin.com/in/pedromoura/