O congresso da Juventude Socialista deste fim de semana confirmou a entronização de Maria Begonha com 72% dos votos. Duas altas figuras do partido, Pedro Nuno Santos, secretário de Estado dos Assuntos Parlamentares, e Carlos César, líder parlamentar dos socialistas, procederam ao branqueamento da candidata única. Com padrinhos destes, a nova líder da JS é capaz de ir longe.
Importa dizer que Begonha estava – e continua a estar – envolta em suspeita por “lapsos” vários. Por exemplo, o seu currículo referia um mestrado que nunca fez e apresentava uma data de nascimento que também estava errada, iludindo assim o facto de a candidata cumprir 30 anos em janeiro, a idade limite para ser militante da JS. Há outro dado interessante: em parte com base numa alegada experiência de assessoria política que afinal se revelou ser um serviço de secretariado, Begonha recebeu em quatro anos 140 mil euros em avenças da Câmara e da Junta de Freguesia de Benfica, por coincidência ambas lideradas por socialistas.
São “lapsos” e coincidências a mais para serem verdadeiramente lapsos e coincidências, mas Begonha atirou as culpas para cima do seu diretor de campanha, que aparentemente terá trabalhado a partir de dados saídos da sua imaginação. Ontem, no congresso, Pedro Nuno Santos também a ilibou, repetindo à saciedade que Maria Begonha “não mentiu”, qual dogma no qual todos devemos acreditar. Mesmo que não se ajuste à realidade.
Diz o ditado que “de pequenino se torce o pepino” e, olhando para o que se passa no parlamento (falsas presenças, falsas moradas, subsídios recebidos indevidamente), percebemos agora que alguns políticos começam logo de pequeninos a envolver-se numa teia de lapsos, trapalhadas e falsidades. Pior: é precisamente à custa dessas manigâncias que começam a trepar na escada do poder. Se alguns deles já em novos são assim “sem bergonha”, o que podemos esperar deles daqui a uns anos?