Rui Rio recordava há dias um dos sketchs mais engraçados de Raul Solnado a propósito do assalto aos paióis de Tancos, de onde foram furtadas muitas armas, não se sabendo hoje ao certo quantas e quais. Sabe-se apenas aquelas que foram devolvidas. Mas é aqui que Rui Rio tem razão em brincar com o sketch de Solnado. Afinal, o que levou alguém a roubar armas e a devolvê-las depois, quando se sentiu ameaçado?
Ainda por cima, ao que se diz, era impossível a um homem só fazer tal assalto. Se havia mais pessoas envolvidas todas concordaram com a decisão do líder em devolvê-las? E qual a razão para os restantes membros do grupo não terem sido detidos? Será que alguns dos militares acusados ajudaram a transportar o material furtado para fora do quartel? E, mais importante do que tudo, para que quiseram roubar material de guerra, algum bastante moderno? Se era para venderem para grupos terroristas, por que razão o não fizeram e ficaram com ele durante tanto tempo? Para uso caseiro temos de reconhecer que é estranho, embora a embaixada dos Estados Unidos da América tenha ficado em alerta máximo na altura.
Quanto às investigações agora ativadas e que levaram a oito detenções, esperando-se ainda pela do antigo porta-voz da PJM que está em serviço na República Centro Africana, percebe-se que o primeiro inquérito aberto – que procurava apurar quem tinham sido os assaltantes – não conseguiu chegar tão longe como este que procura saber a responsabilidade dos militares na entrega do material roubado. E aqui também será curioso perceber porquê. Qual a razão para o primeiro inquérito não ter apurado nada até agora? Será verdade que se diz que um juiz proibiu escutas telefónicas a alguns dos suspeitos e que, por isso, as investigações não avançaram? Digamos que Raul Solnado não teria conseguido fazer um sketch tão complexo como este assalto aos paióis de Tancos. Veremos o que esconde tão insólito assalto…
