Lisboa. José Eduardo Martins acusado de “cobarde” por dirigente

Lisboa. José Eduardo Martins acusado de “cobarde” por dirigente


Ex-dirigente do PSD pediu destituição de Luís Newton em Lisboa para regressar à assembleia municipal


A renúncia do ex-dirigente do PSD José Eduardo Martins ao mandato de deputado na Assembleia Municipal de Lisboa está a agitar o partido na capital. Victor Reis, presidente da mesa da assembleia concelhia, escreveu-lhe uma missiva, a que o i teve acesso, demolidora para o ex-autarca. “Quero dizer-te na cara que (…) considero cobarde e difamatória a missiva que me enviaste”, escreveu Victor Reis.

A carta de Reis, escrita a título pessoal, ataca o ex-cabeça-de-lista à Assembleia Municipal de Lisboa por ter renunciado e alegado que o “PSD não quis fazer uma opção de corte com determinado tipo de práticas e demonstrou preferir ser complacente com alguns protagonistas que estão mais interessados em criar e manter redes de poder interno do que em servir um projeto coletivo ao serviço do bem comum”. Ora, para o ex–presidente do Instituto da Habitação e da Reabilitação Urbana, José Eduardo Martins colocou todos os militantes “no mesmo saco, usando o processo Tutti Frutti”, em que o líder da bancada municipal do PSD/Lisboa, Luís Newton, se viu envolvido. O comunicado de José Eduardo Martins irritou de tal forma o dirigente Victor Reis que o militante lhe lembrou na carta que Martins esteve ao lado de Rodrigo Gonçalves na luta interna da concelhia, uma figura que “transformou o partido numa pocilga de cacicagem”.

O visado não quis comentar a carta ao i, mas o presidente da concelhia, Paulo Ribeiro, reconheceu que o comunicado de José Eduardo Martins “deixou muita gente indignada em Lisboa”. O líder concelhio acrescenta que “não aceita lições de seriedade de ninguém” e que Martins “atira para dentro para ganhar lá fora, corroendo a base eleitoral”.

José Eduardo Martins e Paulo Ribeiro chegaram a conversar em julho para o primeiro regressar à Assembleia Municipal de Lisboa, depois da suspensão de mandato em janeiro. Mas, segundo apurou o i, o também antigo deputado colocou como condição a destituição de Luís Newton, presidente da bancada municipal. A concelhia terá respondido que não haveria razões políticas para o fazer. Existia um mandato para o qual Luís Newton fora eleito, a contragosto de José Eduardo Martins. O ex-candidato à presidência da assembleia municipal esperava ter garantido a liderança da bancada, mas perdeu a guerra para Newton. Mais: segundo apurou o i, José Eduardo Martins terá confidenciado, após o mau resultado eleitoral nas autárquicas, que Teresa Leal Coelho deveria renunciar ao mandato. Mas a autarca manteve-se no cargo e até elogiou a atitude de renúncia de José Eduardo Martins, um ex-dirigente que não esconde a vontade de se candidatar à Câmara de Lisboa. Perante este cenário, Paulo Ribeiro disse ao i que a concelhia não se compromete com qualquer apoio.