O que acontecerá aos portugueses da Venezuela?


Acho compreensível que o Executivo de António Costa não faça grande alarido do problema, pois é necessário não irritar ainda mais Nicolás Maduro, mas não deixa de ser curioso assistir ao silêncio do Bloco de Esquerda


O agravar da situação na Venezuela põe em causa a vida de quase meio milhão de portugueses, além, obviamente, dos cerca de 30 milhões de venezuelanos. Nicolás Maduro, um maduro com provas dadas de democrata… continua indiferente à miséria dos que vivem no país e até é capaz de inventar uma criptomoeda para tentar fugir de uma inflação já quase incalculável até para o FMI.

Um país onde falta tudo, desde bens essenciais até um valor tão banal para nós como a liberdade. Mas se, como tudo indica, a vida piorar ao ponto de os tais emigrantes portugueses necessitarem de regressar a Portugal, o que está a ser feito para os receber com dignidade? A Madeira, região de onde são originários muitos dos portugueses que estão na Venezuela e que casaram e tiveram filhos naquele país, não tem capacidade para receber tantos “retornados”. O Estado tem ou não um plano de emergência para conseguir trazê-los de volta e integrá-los em Portugal?

Acho compreensível que o Executivo de António Costa não faça grande alarido do problema, pois é necessário não irritar ainda mais Nicolás Maduro, mas não deixa de ser curioso assistir ao silêncio do Bloco de Esquerda. Que me recorde, só Joana Mortágua se afastou da liderança de Maduro, já que a posição oficial do BE continua a ser a de culpar os capitalistas amigos dos americanos de terem levado o país ao caos.

Já o PCP é mais incisivo e não deixa de defender o sucessor de Chávez, o que em nada é surpreendente. O PCP só consegue ver por uma janela com fundo vermelho e, por isso, Maduro é um grande líder que merece ser apoiado apesar de ser o principal responsável pela miséria em que vive o país. E o que dizer da Nicarágua, onde a polícia de Daniel Ortega já matou mais de 300 manifestantes que se insurgiam contra as políticas seguidas por este homem que também não olha a meios para se perpetuar no poder? Claro que para muitos tudo isto não passa de ficção e que os culpados são os jornalistas amigos de regime autoritários como a Alemanha, Reino Unido, França ou mesmo EUA…