Concurso publicidade. Anunciantes contestam modelo da Câmara de Lisboa

Concurso publicidade. Anunciantes contestam modelo da Câmara de Lisboa


Associação Portuguesa de Anunciantes diz que sempre se manifestou disponível para debater com a autarquia uma solução equilibrada. 


 A Associação Portuguesa de Anunciantes (APAN) contestou o modelo de “monopólio” da Câmara Municipal de Lisboa (CML) para a concessão do espaço publicitário exterior e defendeu uma solução equilibrada, garantindo que  sempre se manifestou disponível para debater uma solução equilibrada. “A associação “propôs alternativas, mas pelos vistos a CML optou por ignorar os anunciantes. Iremos, no entanto, continuar a defender a nossa posição junto de quem entenda os malefícios de um monopólio com estas características”, disse, a secretária-geral da APAN, Manuela Botelho.

Esta reação surge depois de a JCDecaux Portugal ter ganho, através de uma oferta conjunta, os dois lotes do concurso para a instalação e exploração publicitária do mobiliário urbano e dos painéis digitais de grande formato de Lisboa por um período de 15 anos. 

Esta decisão levou as empresas concorrentes – grupo MOP e dreamMedia – a avançarem com providências cautelares – ao afirmarem que estava em causa fortes ilegalidades da proposta da empresa francesa, nomeadamente a falta da assinatura eletrónica qualificada em cada um dos documentos da proposta, que obrigam, segundo a lei, à exclusão da JC Decaux e  acusando a câmara de “claro abuso de poder” –  levando a autarquia a invocar o interesse público. Um argumento que não convenceu a Associação Portuguesa de Anunciantes.

“O concurso foi marcado por um episódio bizarro: a reversão, pela CML, da decisão que a própria tinha tomado em relação aos vencedores. Primeiro decidiu favoravelmente em relação a um concorrente, mas depois voltou atrás nesta decisão e atribuiu a vitória a outro”, indicou.

“É incompreensível que o executivo camarário use o argumento da urgência inadiável para tomar esta posição quando esteve cerca de dois anos para tomar uma decisão sobre o concurso”, afirma Manuela Botelho.

Mais satisfeita com a decisão esteve a a JC Decaux que chegou a equiparar a publicidade em Lisboa a Londres ou Nova Iorque. 

Polémica

Tal como i avançou, o relatório preliminar deste concurso foi conhecido no verão. Em causa estavam três lotes. O primeiro no valor de quatro milhões de euros – 900 mupis (dos quais pelo menos 10% devem ter natureza digital), dois mil abrigos, 75 sanitários públicos e 40 mupis amovíveis para publicidade institucional -; o segundo no valor de 2,25 milhões de euros, para painéis digitais de grande formato – e um terceiro lote que tinha a indicação meramente financeira para as empresas que pretendiam ficar com os dois primeiros lotes.

As empresas que apresentaram a proposta de maior valor foram a Cartazes & Panoramas I (que concorreu ao lote 1) e a Cartazes & Panoramas II ( que concorreu ao lote 2) – e que pertencem ao fundo de investimento Explorer II, o mesmo da MOP. As duas propostas juntas somaram 8,4 milhões de euros anuais.  A segunda maior proposta coube à JC Decaux, que concorreu aos três lotes e apresentou um valor inferior em 100 mil euros anuais: 8,3 milhões de euros. Já a Cemusa, que também concorreu aos três lotes, ofereceu 7,6 milhões de euros, enquanto a Alargâmbito, que apenas concorreu ao segundo lote, apresentou uma proposta de 3,1 milhões de euros.