Geringonça. Para dançar este tango são precisos três


No fim de maio, no congresso do PS, António Costa ignorou deliberadamente PCP e Bloco de Esquerda. 


O congresso – e a moção que foi a votos – marcou um antes e um depois. Se há dois anos, no anterior congresso, Costa tinha cantado hossanas aos comunistas e bloquistas e conseguiu pôr os militantes socialistas a aplaudirem vigorosamente os seus “ex-inimigos históricos” à esquerda, desta vez, tudo foi preparado para propiciar o distanciamento. O slogan mais ouvido no congresso – “Este é o PS de sempre” – tinha uma mensagem implícita óbvia: menorizar os parceiros da esquerda e passar a mensagem de que o que aconteceu no país nos últimos dois anos e meio é obra do PS. As sondagens davam alento à direção socialista para sonhar com a maioria absoluta. 

O Congresso foi um momento de viragem efetivo para o recentramento do PS que está em curso. Às vezes, esse recentramento é feito através de rituais simbólicos – a somar à ausência de referências aos parceiros no congresso, Costa tinha feito questão de assinar com toda a pompa e circunstância os “acordos de regime” sobre descentralização e fundos comunitários com Rui Rio – outra vez através de posições concretas, como no caso da legislação laboral ou das carreiras dos professores. Simbolicamente, o novo mantra de Costa, outrora popularizado pelo ex--ministro das Finanças Vítor Gaspar, é o “não há dinheiro”. 

O mal-estar à esquerda é evidente e, se o não fosse, isso significaria que PCP e Bloco de Esquerda se tinham transfigurado politicamente (ainda mais). A discussão deste Orçamento vai ser uma guerra de nervos até ao último minuto. O presidente do PS, Carlos César, afirmou ontem que, caso não aceitassem aprovar o OE, os partidos de esquerda regressariam ao “isolamento”. Costa faz juras de amor à geringonça, mas diz que não vai ceder a “eleitoralismos”. A pressão de Marcelo para que o Orçamento seja aprovado favorece a posição de Costa, mas não aproxima os parceiros desavindos. O PCP não esqueceu a lição das autárquicas. Vai ser uma guerra de nervos e muito dura. O desfecho é imprevisível.


Geringonça. Para dançar este tango são precisos três


No fim de maio, no congresso do PS, António Costa ignorou deliberadamente PCP e Bloco de Esquerda. 


O congresso – e a moção que foi a votos – marcou um antes e um depois. Se há dois anos, no anterior congresso, Costa tinha cantado hossanas aos comunistas e bloquistas e conseguiu pôr os militantes socialistas a aplaudirem vigorosamente os seus “ex-inimigos históricos” à esquerda, desta vez, tudo foi preparado para propiciar o distanciamento. O slogan mais ouvido no congresso – “Este é o PS de sempre” – tinha uma mensagem implícita óbvia: menorizar os parceiros da esquerda e passar a mensagem de que o que aconteceu no país nos últimos dois anos e meio é obra do PS. As sondagens davam alento à direção socialista para sonhar com a maioria absoluta. 

O Congresso foi um momento de viragem efetivo para o recentramento do PS que está em curso. Às vezes, esse recentramento é feito através de rituais simbólicos – a somar à ausência de referências aos parceiros no congresso, Costa tinha feito questão de assinar com toda a pompa e circunstância os “acordos de regime” sobre descentralização e fundos comunitários com Rui Rio – outra vez através de posições concretas, como no caso da legislação laboral ou das carreiras dos professores. Simbolicamente, o novo mantra de Costa, outrora popularizado pelo ex--ministro das Finanças Vítor Gaspar, é o “não há dinheiro”. 

O mal-estar à esquerda é evidente e, se o não fosse, isso significaria que PCP e Bloco de Esquerda se tinham transfigurado politicamente (ainda mais). A discussão deste Orçamento vai ser uma guerra de nervos até ao último minuto. O presidente do PS, Carlos César, afirmou ontem que, caso não aceitassem aprovar o OE, os partidos de esquerda regressariam ao “isolamento”. Costa faz juras de amor à geringonça, mas diz que não vai ceder a “eleitoralismos”. A pressão de Marcelo para que o Orçamento seja aprovado favorece a posição de Costa, mas não aproxima os parceiros desavindos. O PCP não esqueceu a lição das autárquicas. Vai ser uma guerra de nervos e muito dura. O desfecho é imprevisível.