A secretária-geral adjunta do PS, Ana Catarina Mendes, desmente a acusação de que o PS foi pressionado pelos governos do Brasil e dos Estados Unidos da América para não marcar presença num encontro de solidariedade com Lula da Silva. “É, numa palavra, falso”, diz, num texto enviado ao i, Ana Catarina Mendes, garantindo que está “solidária com a democracia brasileira e os democratas brasileiros”.
Boaventura Sousa Santos, diretor do Centro de Estudos Sociais, que organizou o encontro, em Lisboa, garantiu que o executivo do Brasil e a embaixada dos EUA pressionaram o PS para não comparecer na iniciativa. “Não tenho dúvidas. Convidámos todos os partidos. O membro do PS Ana Catarina Mendes prontificou-se até a encerrar o debate. O que mostra uma grande vontade de participação. À última da hora não só não vem, como não nomeia substituto, como se fica a saber pelo PSOE que eles foram pressionados pelo PS português para também não comparecer”, afirmou, esta segunda-feira, em entrevista ao i, Boaventura Sousa Santos.
Em resposta, Ana Catarina Mendes garante que é falso. “Fiquei a saber, imagine-se, que a minha não participação numa sessão de solidariedade com a democracia brasileira se deveu, segundo o professor Boaventura Sousa Santos, na boa tradição das teorias da conspiração, a pressões dos governos brasileiro e dos Estados Unidos da América. A estima que o professor Boaventura Sousa Santos me merece obriga-me a vir desmentir publicamente uma ‘notícia’ que é um bom exemplo das agora tão badaladas fake news. É, numa palavra, falso”, escreve Ana Catarina Mendes, na declaração enviada ao i.
A socialista garante que as razões da sua ausência neste encontro “foram explicadas” a quem a convidou, mas prefere não avançar com detalhes. “Estou obviamente solidária com a democracia brasileira e com os democratas brasileiros. Mais: para mim, democracia e liberdade não são valores relativizáveis e suspeito sempre de quem, em nome de especificidades regionais, culturais, ou de qualquer outra ordem, tende a aceitar geometrias ou geografias variáveis para o seu exercício. Eu defendo com o mesmo empenho – e faço muita questão – o valor da liberdade e o exercício pleno da democracia tanto em Lisboa como no Brasil, em Havana como em Caracas, Londres, Paris ou Budapeste. Isso me distinguirá de outros”, acrescenta.
“Que ninguém se esconda”
O nome de Ana Catarina Mendes chegou a ser anunciado no cartaz de promoção do evento de solidariedade com o ex-presidente brasileiro. Cristina Narbona, presidente do PSOE, também constava entre os oradores, mas acabou por não se deslocar a Lisboa. O encontro, que se realizou no Teatro Capitólio, no dia 12 deste mês, foi promovido pelo Centro de Estudos Sociais e pela Fundação José Saramago. Discursaram Tarso Genro, Guilherme Boulos, Pablo Iglesias e Catarina Martins.
A coordenadora do Bloco de Esquerda subiu ao palco para defender a importância de estar presente numa altura em que “as liberdades democráticas” estão a ser colocadas em causa. “É importante que ninguém se possa esconder com falsos pretextos quando é chamado a dizer de que lado está (…). Não temos nenhuma dúvida sobre o lugar em que temos de estar quando as liberdade democráticas estão a ser atacadas e é por isso que estamos aqui”, disse, no seu discurso, Catarina Martins.