Mariano Rajoy é afinal “o nosso ditador”


Só uma solução política pode resolver o problema da Catalunha, como apenas uma solução política resolveu o problema da Irlanda do Norte


Muita gente conhece aquela imagem – e se não conhecerem podem vê-la no YouTube – em que um Jean-Claude Juncker visivelmente com um copo a mais, o que não é estranho na personagem, vai cumprimentando os líderes europeus, e quando chega a Viktor Orbán, da Hungria, faz-lhe uma festa e chama-lhe “o nosso ditador”.

A imagem trôpega de Juncker e a frase que proferiu na altura é, infelizmente, a mais completa metáfora de como a Europa lida com o regime instalado na Hungria. 

Aqui ao lado, em Espanha, estamos a assistir à emergência de um ditador, Mariano Rajoy. Tendo em conta a proximidade entre os dois países, é ele “o nosso ditador”. A maneira como o Estado espanhol está a gerir o problema da Catalunha não é próprio de um Estado democrático, mas sim das ditaduras. O argumento jurídico é totalmente absurdo quando se está perante um problema político estrutural – aqueles homens e mulheres foram eleitos para fazer exatamente o que fizeram. O Estado espanhol suspende os mandatos democraticamente legitimados? Em Portugal, a Constituição antes do 25 de Abril também proibia a militância no Partido Comunista, tinha a censura instituída, a polícia política, os tribunais plenários, etc. 

Só uma solução política pode resolver o problema da Catalunha, como apenas uma solução política resolveu o problema da Irlanda do Norte. Pensar, como Rajoy, que o problema se extingue colocando todos os catalães pró-independência dentro das prisões do Estado espanhol é típico dos ditadores. 

É normal que o PS esteja dividido sobre este problema: pactuar com estados de exceção protoditatoriais não está na génese do partido. É verdade que, agora, o PS está no governo e qualquer tomada de posição que possa perturbar as tradicionais “boas relações” com o governo do país vizinho, uma tradição que existe desde o franquismo, é complicada. Mas ficar a dormir num assunto deste calibre não é opção.


Mariano Rajoy é afinal “o nosso ditador”


Só uma solução política pode resolver o problema da Catalunha, como apenas uma solução política resolveu o problema da Irlanda do Norte


Muita gente conhece aquela imagem – e se não conhecerem podem vê-la no YouTube – em que um Jean-Claude Juncker visivelmente com um copo a mais, o que não é estranho na personagem, vai cumprimentando os líderes europeus, e quando chega a Viktor Orbán, da Hungria, faz-lhe uma festa e chama-lhe “o nosso ditador”.

A imagem trôpega de Juncker e a frase que proferiu na altura é, infelizmente, a mais completa metáfora de como a Europa lida com o regime instalado na Hungria. 

Aqui ao lado, em Espanha, estamos a assistir à emergência de um ditador, Mariano Rajoy. Tendo em conta a proximidade entre os dois países, é ele “o nosso ditador”. A maneira como o Estado espanhol está a gerir o problema da Catalunha não é próprio de um Estado democrático, mas sim das ditaduras. O argumento jurídico é totalmente absurdo quando se está perante um problema político estrutural – aqueles homens e mulheres foram eleitos para fazer exatamente o que fizeram. O Estado espanhol suspende os mandatos democraticamente legitimados? Em Portugal, a Constituição antes do 25 de Abril também proibia a militância no Partido Comunista, tinha a censura instituída, a polícia política, os tribunais plenários, etc. 

Só uma solução política pode resolver o problema da Catalunha, como apenas uma solução política resolveu o problema da Irlanda do Norte. Pensar, como Rajoy, que o problema se extingue colocando todos os catalães pró-independência dentro das prisões do Estado espanhol é típico dos ditadores. 

É normal que o PS esteja dividido sobre este problema: pactuar com estados de exceção protoditatoriais não está na génese do partido. É verdade que, agora, o PS está no governo e qualquer tomada de posição que possa perturbar as tradicionais “boas relações” com o governo do país vizinho, uma tradição que existe desde o franquismo, é complicada. Mas ficar a dormir num assunto deste calibre não é opção.