Alegam esses detratores que há fugas de informação, vulgo violação do segredo de justiça; que as figuras do Ministério Público julgam-se justiceiros e têm uma agenda própria; que alguns são corruptos e por aí fora. Se é verdade que o mundo da justiça não é perfeito, não deixa de ser óbvio que está muito melhor do que há uns anos.
Mexem, como disse, é em mundos frequentados por poderosos que não gostam de ser vigiados. Independentemente da melhoria no setor, é também natural que se tenham que fazer ajustamentos. Um deles é proibir juízes de fazerem parte do mundo da bola. Durante muito tempo alguns deles tinham cargos oficiais, optando agora por posições mais discretas, mas continuando a viver nesse lixo. Sabe-se que a clubite é uma doença perigosíssima e nada como uma boa vacina para tratar do problema. Afinal, os últimos casos revelam ligações perigosas e nada recomendáveis.
Quanto à violação do segredo de justiça, os mais indignados são aqueles que temem que as denúncias não sejam apagadas ou escondidas por superiores hierárquicos feitos com os tais clubes ou com governantes ou banqueiros, por exemplo. É certo que nalguns casos os arguidos acabam por ser condenados na praça pública antes de irem a julgamento, mas esse é o preço a pagar por uma democracia ainda débil onde até primeiros-ministros conseguem safar-se com a ajuda de alguns compadres.
Por isso, quando se atacam os responsáveis pela investigação Operação Marquês pela morosidade dá-me vontade de rir. Mas queriam o quê? Que se investigassem só as contas de José Sócrates? A teia da “marosca” alguma vez seria deslindada se não fossem buscar os circuitos por onde, supostamente, passou o dinheiro? Há figuras que não têm mesmo vergonha na cara.
