Sensivelmente uma semana depois de a Fórmula 1 ter anunciado o fim das ‘grid girls’, a organização daquela que é a mais popular modalidade de automobilismo do mundo revelou a solução encontrada para preencher a ausência das modelos promocionais que se encontravam nos paddocks das corridas. Os patrões da F1 oficializaram esta segunda-feira o programa “grid kids”, que se baseia na introdução de crianças e jovens nos lugares até então destinados às hospedeiras de serviço.
A entrada em vigor do esquema “grid kids” tem efeitos imediatos e será, por essa razão, posto em prática na abertura da temporada da F1 em Melbourne, agendada para 25 de março. A seleção das crianças e jovens será da responsabilidade das autoridades locais de automobilismo, sendo que um dos critérios de escolha passa pela presença nas categorias juniores de automobilismo (caso do karting).
O objetivo da medida passa por “tornar a cerimónia pré-corrida mais relevante e interessante para os fãs, especialmente os mais jovens”, explicaram os responsáveis da F1.
Para o diretor de operações comerciais da F1, Sean Bratches, a oportunidade das crianças selecionadas “ficarem ao lado dos seus heróis é uma experiência inesquecível” e “uma inspiração para continuarem a acreditar que um dia possam ser eles a estar no lugar dos pilotos“. “Há melhor maneira de inspirar a próxima geração de heróis da Fórmula1?”, questinou. Recorde-se que Bratches foi um dos porta-voz da F1 aquando da decisão que ditou o fim das mulheres na grelha de partida das corridas justificando que “esse costume não reflete os valores da marca e está claramente em discordância com as normas da sociedade moderna”.
Bernie Ecclestone, o ex-presidente e CEO da F1, é uma das figuras mais críticas à posição levada a cabo pelos proprietários americanos da F1, a Liberty Media. “Até agora não vi uma única decisão que faça sentido”, disse Ecclestone em entrevista à publicação alemã ‘Sonntagsblick’. “Eles estão a fazer quase tudo errado”, salientou umas das principais figuras da modalidade, num momento em que defendeu que os novos patrões estão empenhados em apagar todo o seu legado. No entanto nem todos estão de acordo com Ecclestone. Em sentido inverso, o triplo campeão mundial britânico Jackie Stewart reconheceu a necessidade de mudança. “Às vezes é melhor tomar medicamentos preventivos, e é isso que a Fórmula 1 está a fazer”, defendeu o piloto de 78 anos à Press Association Sport. “Não acho que seja uma vergonha ou uma decisão controversa e entendo o que a razão da Liberty o fazer. Estes tempos em que vivemos são diferentes”, afirmou.
Recorde-se que a resolução da F1 chega uma semana depois da Corporação Profissional de Dardos (PDC) ter decretado medidas no mesmo sentido, colocando um ponto final na presença das ‘walk-on girls’. A Women’s Sport Trust (WST), organização que luta por aumentar o impacto das mulheres no desporto, reagiu com agrado a estas decisões: “Incentivamos fortemente as modalidades como o ciclismo, o boxe e o UFC a seguir o exemplo da PDC e Fórmula 1 e reconsiderar o uso de meninas no pódio, ringue e pistas”. “As mulheres devem ser valorizadas e retratadas no desporto”, defendeu a WST no mesmo comunicado.