Nas eleições que terão lugar, na próxima semana, no PSD, a minha escolha é Rui Rio. O partido foi conduzido nos últimos anos ao impasse político total por Passos Coelho, que atingiu agora o clímax com o alinhamento com a geringonça no diploma do financiamento dos partidos políticos. Esse impasse só pode ser quebrado com a entrada do partido num novo ciclo político e Rui Rio é a pessoa adequada para o conduzir nesse sentido. Um partido com aspirações de poder tem de escolher o melhor candidato a primeiro-ministro e esse candidato é claramente Rui Rio.
Quanto a Santana Lopes, a sua candidatura constitui um regresso ao passado. Trata-se de uma candidatura recorrente nas eleições do PSD, tendo sido sempre derrotada. Santana Lopes já concorreu a líder do PSD em 1995, em 1996, em 2000 e em 2008, perdendo sucessivamente contra Fernando Nogueira, Marcelo Rebelo de Sousa, Durão Barroso e Manuela Ferreira Leite. A única vez que chegou a líder do PSD foi por ter sido eleito vice-presidente do partido em 2002, na lista de Durão Barroso, acabando por lhe suceder na presidência do PSD e na chefia do governo após a ida daquele para Bruxelas em 2004.
Em consequência do abandono de Durão Barroso, Santana Lopes foi primeiro-ministro em 2004, tendo-lhe as coisas corrido manifestamente mal. O seu governo foi uma sucessão de trapalhadas desde o primeiro dia, em que havia membros do governo que nem sequer sabiam os cargos que iriam assumir. Depois de sucessivas demissões e remodelações, o seu governo acabou ingloriamente com uma dissolução do parlamento por Jorge Sampaio. Santana Lopes ainda concorreria às eleições, mas foi estrondosamente derrotado por José Sócrates, o que permitiu ao PS ter a única maioria absoluta que alguma vez teve, conduzindo assim o país à bancarrota. Em 2009, Santana Lopes ainda voltaria a disputar a Câmara de Lisboa, tendo sido mais uma vez derrotado por António Costa, ficando o PS igualmente com a maioria absoluta na câmara.
Agora, em 2018, Santana Lopes candidata-se novamente a líder do PSD e a primeiro-ministro. Este regresso, 14 anos depois, faz lembrar o romance de Alexandre Dumas “O Conde de Monte Cristo”, mas a realidade política não é um romance e, aqui, os erros pagam-se caro. Os militantes do partido democrático americano que escolheram Hillary Clinton como candidata presidencial, ignorando os índices de rejeição que ela tinha no eleitorado, acordaram com um Donald Trump na Casa Branca. Se o PSD quer voltar a ser governo tem de escolher um candidato adequado a primeiro-ministro, e nunca é adequado regressar ao passado. Como refere a canção de Sérgio Godinho, o passado é um país distante.
Professor da Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa, Escreve à terça-feira, sem adopção das regras do acordo ortográfico de 1990