As boas notícias são para celebrar.
A agência de notação financeira Fitch, a exemplo do que já tinha acontecido com a Standard & Poor‘s, tirou Portugal do lixo, para onde tinha sido enviado em 2011.
Claro que, à época, as críticas contra as agências financeiras choveram.
Mira Amaral, antigo ministro da Indústria, considerou a decisão “infeliz e terrorista”, ao mesmo tempo que o primeiro-ministro de então, Passos Coelho, mais comedido, apenas a apelidou de “injusta”.
Chegou mesmo a defender-se a criação de uma instituição governamental internacional para classificar os produtos financeiros com base em “resultados financeiros e previsões credíveis” e não com base na “especulação”.
O atual governo já tinha recentemente reclamado, pela voz do ministro Mário Centeno, pelo facto de as agências manterem Portugal no lixo.
Agora, tudo mudou. As mesmas agências alteraram as classificações e toda a gente ficou satisfeita.
São, de facto, boas notícias para o primeiro-ministro António Costa, que bem precisava delas nesta altura.
A história mal explicada da IPSS Raríssimas não ajuda ao sossego natalício do chefe do governo, que, no espírito da época, se vai rodeando cada vez mais de amigos e familiares dos amigos no seu executivo.
A obstinada defesa do ministro Vieira da Silva faz lembrar a mesma atitude no caso da ex-ministra da Administração Interna, Constança Urbano de Sousa. Esta última acabou inevitavelmente por demitir-se. Aguardemos pela decisão de Vieira da Silva que, já agora, se defende com a sua indiscutível honorabilidade, quando o que está em causa é a sua prestação política.
Isto é: nunca ninguém acusou Vieira da Silva de ter tido qualquer proveito material da sua participação na Raríssimas. O que está aqui em causa é a responsabilidade política. E só isso já é suficiente para considerar a sua demissão.
Mas, António Costa, com o apoio, por vezes servil, dos seus parceiros – BE e PCP – lá vai gerindo e ultrapassando, com notável habilidade, os obstáculos em que a geringonça tropeça.
A ele, e só ele, se deve a vida deste governo.
Não há dúvidas: Costa é Fitch!
Jornalista