O caso remonta à década de 80 e encontra-se ainda em fase de investigação. O autor da denúncia mantém-se anónimo.
Mesmo assim, a Met não hesitou em “queimar” na praça pública uma das mais brilhantes carreiras na música clássica dos últimos anos.
Também por estes dias, a Netflix anunciou que a série “House of Cards” vai continuar, mas sem o seu protagonista de sempre, o ator Kevin Spacey, proscrito pelo mesmo motivo – e também num caso de contornos difusos.
Há aqui um aspeto curioso: o afastamento de Spacey parece dever-se ao facto de constituir um mau exemplo para a sociedade; mas a Netflix nunca se incomodou com o “pormenor” de a sua série transformar em herói uma personagem simplesmente execrável, amoral e sem princípios.
Ora, Spacey fez a série por ser uma ótima pessoa ou porque é um ator convincente? Levine assinou um contrato com a Ópera Metropolitana de Nova Iorque pelas suas virtudes pessoais ou pelos seus dotes como músico? O natural, em qualquer dos casos, seria deixar a Polícia e os tribunais atuarem e, em caso disso, punirem os prevaricadores.
Mas as instituições e empresas a quem os suspeitos de abusos estão associados não se podem dar ao luxo de esperar tanto tempo.
Que fique bem claro: o objetivo ao despedir os “abusadores” não é promover certos valores ou defender as vítimas. É apenas proteger os seus interesses.
Por isso lavam as suas mãos como Pôncio Pilatos. De preferência bem rápido. Se os despedimentos se justificam ou não, isso vê-se depois.