O “DN” e a defesa de José Sócrates


Sempre defendi que o país só tem a ganhar com uma imprensa pluralista, com meios completamente diferentes e que tenham uma visão do mundo também completamente diferente. Os leitores, ouvintes ou espetadores podem fazer o cruzamento da informação e decidir pela sua própria cabeça.


Se é certo que nunca me meti na vida do que fazem ou não fazem os outros meios, no caso das notícias da Operação Marquês não deixo de ficar perplexo com o que se escreve ou não escreve sobre o assunto.

O “Diário de Notícias”, por quem tenho consideração na generalidade dos assuntos tratados, no caso em concreto parece viver noutro mundo e a sua colagem ao antigo primeiro-ministro é tão forte que até arrepia. Sei que outros poderão pensar o contrário em relação ao i e ao “SOL”, mas cada um que faça os seus julgamentos.

Na edição de ontem, o “DN” titulava “Sócrates gastou mais de cem mil euros do que ganhou enquanto PM”, dando a entender que essa “pequena” verba teria sido sustentada por familiares, amigos e por “empréstimos contraídos junto da Caixa Geral de Depósitos”. Li e reli, e não queria acreditar. Então as quatro mil páginas de acusação do Ministério Público dizem respeito a isso? Já nem falo dos casos de corrupção de que é acusado mas, ao longo das quatro mil páginas, o Ministério Público sustenta que o antigo primeiro-ministro levava uma vida faustosa, logo, muito pouco condizente com o “modesto” ordenado do cargo. Quem supostamente pagava despesas de toda a ordem a familiares e amigos, levando-os para hotéis de cinco estrelas em Portugal e no mundo, quem vestia os melhores fatos do mercado, quem se comportava com um homem rico só gastou mais 100 mil euros do que ganhou enquanto desempenhou o cargo de primeiro-ministro? Carlos Santos Silva, afinal, nunca emprestou 500 mil a Sócrates…

P. S. A Pluma Caprichosa, vulgo Clara Ferreira Alves, insultou o “SOL” dizendo que é um tabloide. Como dizia o outro, é triste não se saber envelhecer com dignidade.