Imaginemos ainda que a vendedora da casa fez parte de uma grande construtora civil e que é irmã e prima direita do diretor e presidente dessa empresa, respetivamente. Imaginemos que esse mesmo maire, ou seja, o presidente da câmara, tinha apresentado no Tribunal Constitucional apenas uma declaração a revelar que tinha entregue cerca de 200 mil euros como entrada para uma casa, esquecendo-se depois de dar conta do resto da operação, como noticiaram o “Observador” e a “Sábado” lá do sítio.
Imaginemos ainda que se ficou a saber que o Ministério Público abriu um inquérito a essa compra e que se descobriu também que a câmara desse presidente fez ajustes diretos de mais de cinco milhões de euros com a tal construtora, depois da compra da tal casa, segundo revelou o i lá do sítio. Alguém consegue dizer que essa história não merecia ser esclarecida?
Pois bem, em Portugal há muito boa gente que entende que não. Que tudo não passa de uma calúnia e que não há nada para ser clarificado. Há mesmo quem ache que nem se deve falar do assunto. Na televisão e em alguns jornais, foi essa a estratégia.
O maire em questão, de seu nome Fernando Medina, vai ganhar as eleições que se avizinham. Disso ninguém tem dúvidas, mas que há dúvidas sobre todo este processo é inquestionável. A menos, claro, que se faça parte da turma que faz notícias à medida do freguês. Medina está inocente até prova em contrário, mas tudo deve ficar em pratos limpos…