Praia fluvial de Loriga. As Maldivas da Serra da Estrela

Praia fluvial de Loriga. As Maldivas da Serra da Estrela


Só as filas de carros parados nas bermas da estrada tiram um pouco de encanto a esta praia fluvial-postal no coração da serra da Estrela. Encontrado lugar para deixar a viatura é arranjar um recanto para estender a toalha com vista para as piscinas em socalcos ou experimentar as trutas de escabeche do bar


Perdoe-se o exagero, mas água tão cristalina como a desta praia fluvial na serra da Estrela não é propriamente fácil de achar, sobretudo para quem dá com este paraíso depois de passar uns dias a olhar para o mar revolto da praia da Costa de Santo André e a tentar ganhar coragem para um mergulho em senhoras ondas no meio de uma ventania impossível de aguentar. Chegados à praia fluvial de Loriga, com os termómetros bem acima dos 30 graus e vento abaixo do patamar detetável, está encontrado o destino balnear que conquistará o coração de qualquer pessoa que ainda não tenha visto o seu sonho de verão concretizado e já não tenha muitos cartuchos para gastar.

Vamos diretamente ao problema antes de abrir um pouco mais o apetite para este destino “fora de rota” na Beira Interior. Quem está perto de Seia e é de pesquisar pontos de paragem na internet antes de se fazer à estrada percebe logo, pelas imagens, que vai ter de passar por Loriga.

Juntem-se os locais, que devem conhecer este segredo de ginjeira, e os emigrantes a viver o querido mês de agosto, e as bermas da N231 que serpenteiam pela serra até este enclave depressa se revelam demasiado pequenas para tanta viatura – o que não só é chato para encontrar lugar, mesmo num dia de semana, como estraga um pouco a paisagem.

Esquecendo os carros que ficaram estacionados como deu, à espera que a GNR não decida dar um ar da sua graça, é descer pelas escadinhas e deliciar-se com as piscinas naturais que formam uma espécie de socalcos, com a tal água cristalina sempre a correr, e mais parece que estamos num destino tropical em versão água doce. E um bocadinho mais fria, seguramente, mas nada que não se aguente.

Os miúdos ficam rendidos com as “poças” de água onde podem chapinhar à vontade (aconselha-se, ainda assim, uns chinelos para aguentar as pedrinhas nos pés). Os graúdos conseguem dar um mergulho ou, se forem mais friorentos, podem molhar os pés e seguir diretamente para o bar. E aqui chegados há dois elementos da ementa que nos dizem ser o que mais atrai fregueses: as bolas-de-berlim, que esgotam logo pela manhã, e as trutas de escabeche, prato típico proveniente da truticultura de Carlos Jesus de Brito, ali a 16 km, no lugar de Aguincho.

O site da Câmara Municipal de Seia informa que esta praia fluvial, cortesia da ribeira de Loriga, tem mais uma particularidade além do que está à vista: é a única praia portuguesa num vale de origem glaciar, paisagem onde há 20 mil anos só havia gelo e agora há gente de todas as idades em traje de banho. Para os amantes de caminhadas experientes não vão faltar desafios. O vale de Loriga oferece atrações naturais como a Garganta de Loriga, a Penha do Gato ou a Penha dos Abutres, e há quem se aventure a subir da vila à Torre. Se não é dessas andanças, deixe-se estar com a cesta de piquenique à beira de água ou em cima de uma boia pelicano, só porque sim.