A ascensão de Macron implicou a decadência do velho PSF. Os socialistas estão agora reduzidos à mínima expressão: espera-se que venham a perder 200 deputados na assembleia nacional francesa. Vai ser, com certeza, motivo de estudo nas escolas de ciência política, o facto do partido de François Mitterrand ter desaparecido nas mãos do seu antigo assessor François Hollande, que fez tudo ao contrário daquilo que prometeu aos franceses na campanha eleitoral de há cinco anos.
Theresa May não é François Hollande, mas com tão pouco tempo de liderança dos Conservadores, está a sofrer do mesmo mal dos políticos do sistema: ela, que foi uma apoiante da manutenção do Reino Unido na União Europeia, fez agora uma cruzada incompreensível por um hard Brexit. Prepara-se para uma aliança contra-natura com um partido que é contra o aborto e os casamentos entre pessoas do mesmo sexo, quando David Cameron já tinha aberto os Tories para os novos tempos.
A desgraça de May – que o seu antigo colega de governo, George Osborne, agora diretor do “Evening Standard” e comentador político, classificava como uma “dead woman walking” – pode abrir muito rapidamente espaço para que os trabalhistas cheguem ao governo britânico. A tragédia do Partido Socialista Francês e a ascensão dos seu congénere britânico prova que, nos tempos que correm, só se evita a pasokização regressando às origens. Os socialistas nasceram para combater as desigualdades sociais. A crise de 2008 já fez perceber que quando hesitam, morrem.