A semana negra de Jean-Luc Mélenchon


Foram preciso sete longuíssimos dias depois da primeira volta das eleições francesas para o candidato da frente de esquerda “França Insubmissa”, que teve uma votação extraordinária mas não passou à segunda volta, apelar aos seus eleitores para não votarem em Marine Le Pen.


Mesmo assim, foi um apelo fraquinho, mas um passo ligeiramente mais à frente do que tinha até agora acontecido. Durante uma semana inteira, Mélenchon meteu os pés pelas mãos, promoveu um referendo onde admitia a abstenção e o voto nulo na segunda volta, disse que não anunciava o seu voto até ao dia 7 de maio para “não dividir os eleitores”. Em suma, Mélenchon abriu as comportas para Marine Le Pen fazer aquilo que decidiu imediatamente fazer: procurar captar o máximo de votantes do seu movimento, que vale mais de 40% do eleitorado.

“Não há ambiguidade na minha posição. Não votarei na Frente Nacional, combato a Frente Nacional e digo a todos os que me ouvem: não cometam o terrível erro de dar um voto à Frente Nacional porque isso iria empurrar o país para um confronto geral sem fim à vista.” Embora a espécie de equidistância em que se colocou tenha sido um bocadinho alterada, Mélenchon chega a dizer na entrevista à cadeia de televisão TF-1 que “Marine Le Pen tenta ao menos falar com ‘os insubmissos’”, quando critica Macron por passar a vida a insultá-lo. Mélenchon pede a Macron “um gesto”. É verdade que a arrogância macroniana não tem feito muito para deitar a mão à esquerda – ele encarna valores ultraliberais que repugnam ao eleitorado Mélenchon e está a fazer campanha como se a eleição já estivesse ganha. 

Ninguém de esquerda pode esperar grande coisa de Macron, mas ninguém de esquerda pode aceitar que por ausência, falta de empenhamento e meias-palavras pouco percetíveis a França seja entregue a Marine Le Pen. Se Mélenchon quer ganhar as legislativas, como disse, tem de mudar o discurso rapidamente. Se Le Pen ganhar, ele é um morto político. 


A semana negra de Jean-Luc Mélenchon


Foram preciso sete longuíssimos dias depois da primeira volta das eleições francesas para o candidato da frente de esquerda “França Insubmissa”, que teve uma votação extraordinária mas não passou à segunda volta, apelar aos seus eleitores para não votarem em Marine Le Pen.


Mesmo assim, foi um apelo fraquinho, mas um passo ligeiramente mais à frente do que tinha até agora acontecido. Durante uma semana inteira, Mélenchon meteu os pés pelas mãos, promoveu um referendo onde admitia a abstenção e o voto nulo na segunda volta, disse que não anunciava o seu voto até ao dia 7 de maio para “não dividir os eleitores”. Em suma, Mélenchon abriu as comportas para Marine Le Pen fazer aquilo que decidiu imediatamente fazer: procurar captar o máximo de votantes do seu movimento, que vale mais de 40% do eleitorado.

“Não há ambiguidade na minha posição. Não votarei na Frente Nacional, combato a Frente Nacional e digo a todos os que me ouvem: não cometam o terrível erro de dar um voto à Frente Nacional porque isso iria empurrar o país para um confronto geral sem fim à vista.” Embora a espécie de equidistância em que se colocou tenha sido um bocadinho alterada, Mélenchon chega a dizer na entrevista à cadeia de televisão TF-1 que “Marine Le Pen tenta ao menos falar com ‘os insubmissos’”, quando critica Macron por passar a vida a insultá-lo. Mélenchon pede a Macron “um gesto”. É verdade que a arrogância macroniana não tem feito muito para deitar a mão à esquerda – ele encarna valores ultraliberais que repugnam ao eleitorado Mélenchon e está a fazer campanha como se a eleição já estivesse ganha. 

Ninguém de esquerda pode esperar grande coisa de Macron, mas ninguém de esquerda pode aceitar que por ausência, falta de empenhamento e meias-palavras pouco percetíveis a França seja entregue a Marine Le Pen. Se Mélenchon quer ganhar as legislativas, como disse, tem de mudar o discurso rapidamente. Se Le Pen ganhar, ele é um morto político.