As traquinices do professor Marcelo enquanto PR


Marcelo Rebelo de Sousa não gosta, seguramente, de deixar os pormenores ao acaso e há mesmo quem acredite que o Presidente, quando passa o portão do Palácio de Belém, sabe bem onde irá tirar a selfie do dia.Digamos que é o momento selfie presidencial. 


O estilo não é do agrado de todos e muito menos do seu antecessor, que não gostará de ver o novo inquilino do lugar desempenhar a função como se estivesse numa festa permanente.

Como Cavaco é o oposto de Marcelo, percebe-se a sua antipatia pelo mais frenético dos Presidentes portugueses do pós-25 de Abril. O Presidente sempre se caracterizou, na sua vida pública, por dar umas valentes bicadas em com quem não simpatiza, não se importando de, por vezes, dar a entender o contrário.

E é o que me parece que aconteceu com o suposto apoio ao ministro das Finanças, que tanto enfureceu o PSD. Parece-me claro que Marcelo deu a entender que, se existe algum documento ou sms assinado por Mário Centeno, este só tem um caminho: demitir-se.

Mas a política é, de facto, uma arte onde cada um interpreta à sua maneira o quadro que está à frente. Digamos que vários dirigentes do PSD aproveitaram esta questão da Caixa Geral de Depósitos para dizerem o que lhes vai na alma há já algum tempo.

Mas se o Presidente se tem colado ao governo em sucessivas ocasiões, como até na última entrevista ao “El País”, em que elogiou a geringonça, a história do suposto compromisso de Mário Centeno com António Domingues não tem, seguramente, o apoio de Marcelo. Digamos que nessa ocasião voltou a personagem de professor que adorava pregar partidas a todos aqueles que estão à sua volta.

Ao dizer que não existindo nenhuma assinatura do ministro a confirmar que prometera a António Domingues a escusa de apresentar a declaração de rendimentos e património, Marcelo mais não está a dizer que, se ela aparecer, os dias de Centeno no governo estão contados. Enquanto isso, o PSD começa a mostrar as garras de leão, perdão, de gatinho.