João Baião. “A nossa TV está tão popular que o Big Show SIC hoje quase podia passar na RTP2”


Naturalmente eléctrico desde miúdo, quando se colava ao ecrã na Amadora para ver o festival da canção e os concursos de misses. Fez ginástica, jogou futebol, animou o grupo de escuteiros com as suas peças de teatro e foi com um texto de Brecht que a porta dos palcos se abriu de vez. De “Grande…


Naturalmente eléctrico desde miúdo, quando se colava ao ecrã na Amadora para ver o festival da canção e os concursos de misses. Fez ginástica, jogou futebol, animou o grupo de escuteiros com as suas peças de teatro e foi com um texto de Brecht que a porta dos palcos se abriu de vez. De “Grande Noite” (1992/3) e “Cabaret” (1994), na RTP1, para “uma arena cheia de gente aos gritos com música em altos berros”. Foram os tempos da revolução Big Show Sic, quase 20 anos antes desta dose dupla aos fins-de-semana no regresso à estação de Carnaxide. Foi aqui que decorreu a conversa, sem necessidade de pausa para chichis.

Como é a sua semana até aos programas de sábado e domingo?

A preparação dos programas de fim-de–semana começa praticamente à quarta. Temos reuniões, gravações. Agora menos. Enquanto não começar no day time tenho horas mais livres. Estive sete meses, de Setembro a Abril, sem um dia de folga, com o teatro e o programa. Também sabe bem ter algumas horas. Mas ocupo sempre o tempo, faço por isso. Ontem estive todo o dia sem fazer nada, cheguei à noite e estava com uma depressão [risos]. Um bocado irritado. Gosto de estar activo.

Como se entretém?

Aproveito sempre para tratar dos meus assuntos, para ir ao ginásio, para estar com os meus animais. Tenho muitos, e gosto de estar no campo a relaxar.

É fácil imaginá-lo a tirar férias?

Consigo imaginar-me, sim, mas mesmo em férias estou sempre comunicável, mesmo que vá para longe. Tenho os meus gadgets. Estou sempre a mandar mensagens aos amigos, fotos. Desligo do trabalho mas a minha cabeça está sempre a pensar em coisas. Não é uma coisa doentia. Não fico cansado, não me massacra. Acontece por prazer. Por exemplo, mesmo quando me permito não pensar em nada, quando vou fazer uma massagem, há sempre ali um momento em que viro para o outro lado e já estou a pensar nas coisas da vida.

Como está a ser o regresso à SIC?

Quase nem sinto isto como um regresso.

Mas ainda andava aqui a descobrir os cantos à casa.

Nunca conheci bem os cantos à casa quando cá estive, porque entretanto a SIC cresceu, fisicamente também, e de repente quando regresso venho encontrar algumas das mesmas pessoas e parece que tinha saído daqui no dia anterior. Tem sido um grande regresso, as pessoas tratam-me com muito carinho. Sinto que havia vontade de que eu voltasse à SIC, e isso é muito bom. Ao fim de 11 anos e na actual conjuntura do nosso mercado de trabalho, ter deixado algumas sementes e perceber que a minha forma de trabalhar ainda faz sentido, é muito bom.

Tinha dúvidas sobre essa recepção?

Não, mudar de canal foi o grande receio. Foram sete anos de RTP, um período muito feliz, com projectos que nunca tinha feito. Sou muito de ficar acomodado às coisas e gosto de criar raízes. Quando criamos as nossas rupturas há sempre um ponto de desequilíbrio e incógnita. O panorama televisivo também mudou muito. Fica sempre aquele bambolear de incerteza.

Estas decisões são sempre muito ponderadas?

Sim, mesmo nas coisas mais fúteis da vida decido muito, e quando decido arrependo-me. Vai-me perguntar agora se já me arrependi, mas ainda não me arrependi [risos]. Dizem que isto é de ser do signo de Balança. Encaro sempre as alternativas como caminhos. É muito difícil escolher. Neste caso concreto levei quase seis meses até decidir.

Escuta opiniões? A sua mãe lamentava que tivesse deixado a parceria com a Tânia Ribas de Oliveira.

Pois é. Ouço muito as pessoas, até para comprar um telemóvel. Quando tenho uma tendência para um lado procuro sempre que me apoiem para esse lado. Neste caso foi um processo solitário, mas cheguei a uma altura em que estava muito indeciso e pedi a opinião dos amigos e da família.

O público manifesta-se na rua sobre a transição?

Manifesta-se muito. Hoje há opiniões para tudo, ainda por cima com as redes sociais. Algumas sentem-se no direito de falar de coisas que não entendem, outras opinam. Por acaso estava à espera de opiniões mais díspares. É óbvio que lamentam o fim da relação profissional com a Tânia – a pessoal mantém-se -, mas é compreensível. É sinal de que as coisas correram bem, mas também penso que foi importante esta nossa separação.

Passados estes anos todos, sente que as pessoas o seguem independentemente do canal?

Bom, temos pessoas que gostam muito de nós, mas o público às vezes não segue só a pessoa, segue também o conteúdo. Quem gosta organicamente de nós de facto segue- -nos. Mas o nosso público é muito variável. Se abrir uma página de Facebook de alguém os comentários são sempre os mesmos: ai que lindo, és o maior. Sempre fui muito acarinhado, mas uma vez disseram-me uma coisa num centro comercial, pouco tempo depois do primeiro Big Brother. “Gostamos tanto de si como do Zé Maria”. O Zé Maria era conhecido há dias. As pessoas misturam tudo. Sem querer parecer ingrato, acho que as pessoas às vezes dizem as coisas por ocasião.

Acha possível que amanhã se esqueçam de si?

Em Portugal quem desaparece esquece, é um bocado verdade. Se bem que no período em que estive mais dedicado ao teatro as pessoas continuavam a conhecer-me e a cumprimentar-me. Mesmo estes anos depois de fazer o “Big Show SIC” parecia que o programa ainda estava no ar. Continuavam a falar do macaco Adriano, das baionetes. Em relação a mim sinto que há um apego grande, um cordão que não foi cortado.

Depois da fase do teatro sentiu necessidade de se esforçar mais para recuperar a imagem junto do público?

Não, entrego-me às coisas com a totalidade das forças que tenho. Só assim vale a pena. Agora, não me entrego só para ser capa de revista. Os escaparates são um complemento, nunca foram o meu sonho. Faço um trabalho que me expõe e dá nisto, mas gosto mesmo é de comunicar com as pessoas, ser apresentador. Esta coisa do “Portugal em Festa”, conviver com as pessoas, gosto muito.

Imagina-se sem a televisão?

É difícil imaginar-me fora deste meio de comunicação, seja teatro seja televisão. Foi o meu sonho desde pequenino. Consegui ter as oportunidades de fazer vários trabalhos, de ter quem apostasse em mim. É uma grande conquista.

Há pouco falava dos arrependimentos. As escolhas foram sempre acertadas de facto?

Sim, isto faz parte da minha vida. Neste caso é um projecto a seis anos, para já. Estou a gostar de fazer estes dois trabalhos, de estar ao lado da Júlia [Pinheiro]. É impossível sentir-me arrependido.

Vê-se a recusar algum formato?

Não sei, nunca fui muito de tentar formatar as coisas à minha pessoa. Temos de nos moldar aos formatos e vice-versa. Gosto de experimentar coisas diferentes e ser versátil no trabalho. Sempre quis variar enquanto actor. Nos programas também. Mesmo naqueles que à partida podiam parecer iguais, tentava sempre apresentar um lado diferente. O “Portugal no Coração” não era a mesma coisa que a “Praça da Alegria” ou o “Verão Total”. Portanto, não estou a ver. Hoje vêem-se tantos colegas a dizer que não faziam isto ou aquilo e depois… Já ando cá há muitos anos e vi pessoas dizerem coisas e depois contradizem-se. Não me limito.

Analisa os projectos de espírito aberto.

Sempre. Gosto de criar bom ambiente de trabalho. No meu balanço aos 50 anos, vejo que se tivesse sido mais exigente em alguns aspectos, dito algumas vezes não, tinha crescido de outra maneira. Facilitar muito às vezes também nos faz perder a credibilidade. Às vezes abusam da nossa disponibilidade e passam a barreira do respeito.

Como estaria João Baião se tivesse dito não ao “Big Show SIC”?

Não sei, seria um João Baião diferente, na altura tinha feito tão pouca coisa, e nem o Ediberto [Lima], que pôs o “Big Show SIC”, sabia bem o que era. Foi ver–me ao teatro, eu fui a terceira escolha. Ele queria o Fernando Mendes, depois o Rogério Samora.

Rejeitaram?

Não sei. Sei que me falou do projecto, uma coisa inspirada no Chacrinha, aquela figura gordinha. Era impossível eu ser igual. Mas de repente vejo-me no meio de uma arena cheia de gente aos gritos com música em altos berros. Foi assim que a coisa foi surgindo, do nada. Tinha feito pequenas coisas como apresentador mas não com público. As pessoas depois começaram a entender o João como um homem que salta. Quando me viam na rua achavam-me muito quieto. Seria outra pessoa hoje.

A energia já vinha de trás ou manifestou-se por essa altura?

Sou assim e nunca tinha reparado. Comecei a analisar-me quando as pessoas falaram disto. Estudava em frente da televisão, a minha vida nunca foi feita de silêncios. O jantar era sagrado, mas o meu ímpeto era sair para ir jogar à bola com os amigos. Fazíamos campeonatos de berlinde, corridas de carros, praticava ginástica desportiva, fazia teatro nos escuteiros. A minha vida era cheia. A forma como o meu corpo aderiu à loucura do “Big Show SIC” foi natural. É incrível. Há dois anos fiz os casamentos de Santo António de manhã, à noite ainda fui para as marchas, e de facto não estava cansado. Só a parte vocal, porque sou muito exagerado.

Era possível imaginar o sucesso do “Big Show SIC”?

Não, se fosse assim toda a gente hoje teria êxitos. Acho que o programa não tinha nada de especial, era entretenimento apresentado de outra forma. Tinha uma cor grande, movimento, adrenalina. Foi um casamento feliz. Os brasileiros têm muito essa energia, e depois apanharam um rapaz passado da cabeça [risos] que não se importa de estar de vestido de índio ou de Charlot e aos saltos.

Em algum momento achou que alguma figura não fazia sentido, que seria ridículo?

Não, partimos para aquele projecto de uma forma tão ingénua que não pensava nisso. Só muito mais tarde, quando me quiseram pôr fatos que não achei apropriados. Mas aquilo era feito com autenticidade, alegria, pelo prazer do espectáculo. Foi uma pedrada no charco. Vi muitos profissionais de televisão a criticarem os planos, os saltos, e hoje em dia toda a gente grita e canta em televisão. Não estou a dizer que fiz escola, mas o panorama mudou. Foi o programa para ser arrasado por tudo e todos antes do “Big Brother”, até por alguns colegas. Anos depois vejo alguns deles a fazer coisas semelhantes.

Custavam-lhe esses olhares de lado?

Não. Quando se começa a fazer um percurso com saliência ligamos às críticas, mas quando estamos inseridos no sistema e percebemos como as críticas saem, sentimos que não vale a pena dar atenção. Quando começou o programa, o Filipe la Feria, com quem tinha trabalhado, deu-me alguns conselhos, e aí sim, vale a pena ouvir. Agora coisas gratuitas não. O tempo ajuda-nos a peneirar. Gosto tanto de fazer o que faço que não me preocupo com mesquinhez.

Vinte anos depois, convivemos melhor com os formatos ditos populares?

Depende. A nossa televisão está tão popular que o “Big Show SIC” hoje quase podia passar na RTP2 como programa de culto. Mas não sou nada de criticar “Big Brothers”, “Casas dos Segredos”. São formatos. Hoje há tanta oferta, quem não gosta muda. Acho é que devia haver espaço para outras coisas, para teatro, música, cinema. Vivemos obcecados com futebol. Mas a noção de popular ou popularucho também depende muito do enquadramento. Gosto de fazer programas para o público. Para mim a televisão ainda é a caixinha mágica que serve para fazer sonhar e divertir.

O que se via na TV em casa quando era miúdo?

Ui, tanta coisa. Eu vivia para a TV, para o espectáculo. A minha mãe punha-me na cama e eu vinha sorrateiramente atrás para ver a TV. Via os festivais da canção, concursos de misses, campeonatos de dança, e tentava reproduzir tudo com a minha irmã gémea, com os amigos da escola. Havia aqueles ardinas que ao fim–de-semana entregavam uma revista da televisão. Levava a semana à espera do domingo. Fazíamos concursos e a votação era tirada com as peças do loto [risos]. Fazia teatro no quintal. Foi uma infância muito feliz.

Quem percebeu primeiro que ia ser artista, o João ou os seus pais?

Não sei. Os meus pais conheceram-se nesse meio, na Capricho de Beja. O meu pai estudou Canto e Música, a minha mãe fazia teatro. O meu pai só não foi cantor lírico porque não era pessoa de engolir sapos. Com nove anos, o meu irmão levou-me para o grupo de teatro, a minha irmã também cantava. Havia todo um contexto. Se calhar tive sorte. Cheguei a uma altura em que fazia muita coisa ao mesmo tempo. Um dia vejo o anúncio no jornal à procura de novos talentos, concorri com um texto meu, fiz um espectáculo café-concerto e foi daí que comecei no Teatro Aberto, Teatro Nacional. As coisas encarrilaram.

Nunca pensou seguir desporto?

Pensei. O meu grande sonho a certa altura era ir aos Jogos Olímpicos enquanto ginasta. Era bom, sem falsas modéstias. Sempre fui muito bem comportadinho e empenhado. No futebol a minha alcunha era o Humberto Coelho, na ginástica fui a campeonatos, fui apurado para a selecção. Num clube onde não havia barra fixa e eu ia treinar para o jardim. Mas nessa altura esses sonhos não eram tão fáceis. Tive de trabalhar durante o dia, deixar de estudar, para ajudar os meus pais. Havia a hipótese de estudar à noite, mas tinha de deixar o teatro, e isso não queria.

Como correu a estreia mais séria em palco?

Piso o palco desde os 9 anos mas depois dos castings para ir fazer figuração em “A Mãe Coragem e os Seus Filhos” fiquei contentíssimo. Consegui conciliar. Depois de tantos anos a pisar o palco parecia que não sabia nada. Quando fui convidado para integrar o Novo Grupo, pela Irene Cruz e pelo João Lourenço, parecia que não tinha experiência nenhuma.

Os seus pais iam vê-lo?

Sempre, claro. São os nossos maiores fãs. Ainda hoje digo à minha mãe: “Você só gosta de ver o João Baião. Se estivesse lá eu já não gostava” [risos]. Segue tudo. Vive sozinha, tem 80 anos, vê muita televisão.

É boa crítica ou tem dificuldade em distanciar-se?

O meu pai era mais isento. As mães são mais permissivas, mas mesmo assim às vezes faz reparos. Por exemplo, quando faço as rábulas e me estico na linguagem diz-me que não era preciso dizer aquilo. Mas gosta sempre muito.

Consegue auto-avaliar-se, saber quando um programa corre menos bem?

Sim, a dose de responsabilidade que criamos ao fim destes anos e o facto de estar sempre preocupado com dar às pessoas que confiaram em mim o pensamento de que não foi uma má escolha, às vezes põe-me a tentar ver de fora. Perco o domínio do que estou a fazer. É um bocado confuso de explicar. Quando estou entregue às coisas há uma fusão muito grande. Quando nos tentamos distanciar nunca corre bem porque não estamos num lado nem noutro. Mas consigo chegar ao fim e pensar que me diverti imenso. Este último fim-de-semana foi dos melhores. Cheguei a segunda-feira de alma cheia.

Como se gere essa saída de um directo à noite e no dia seguinte rumar a Caminha, por exemplo?

Esta semana vou para Sever do Vouga. Adoro conduzir. Não sou capaz de ir com outras pessoas a conduzir. Descontrai- -me imenso, mesmo conduzir depois de um programa. As pessoas são muitos simpáticas, oferecem chouriços, bolos, bebidas.

Divertir-se é essencial?

É essencial sentir que fizemos aquilo que nos tínhamos proposto. O importante é saber tirar partido das situações, por isso gosto do directo, do imprevisto e do improviso. Neste programas temos grande liberdade de movimentação, é importante estar disponível física e mentalmente. Para nos divertirmos tem de haver um trabalho, sentir que as pessoas passaram uma tarde agradável.

E aqueles dias em que não está nada divertido e o espectáculo tem de continuar?

O público não tem nada a ver com a nossa vida, não tem de estar sujeito à nossa má disposição. Esta foi a profissão que eu escolhi. Tenho de conciliar o apresentador com o actor, que tem de dar a volta à situação. Nunca trouxe a minha profissão para dentro de casa nem a minha vida pessoal cá para fora. Quem lida muito com a exposição e perde muito da privacidade tem de ter este outro lado, sem fotos a mostrar casas.

Costuma seguir o que escrevem sobre si?

Quando são pessoas sérias, sigo, agora quando são coisas ocas e mal-intencionadas, nem me dou ao trabalho. Cheguei a recorrer aos tribunais na altura do “Big Show SIC” por causa de uma notícia, porque achei que as coisas têm um limite. Criticar é bom, mas não podem ofender as pessoas. Por isso nunca gostei nada de fazer humor com a vida privada das pessoas ou defeitos físicos. Acho horrível. Se aconteceu, foi inconsciente.

O que já lhe disseram os fãs assim de mais curioso?

Já disseram tanta coisa… Durante o “Big Show SIC” recebia centenas de cartas. Hoje tenho pessoas a pedirem ajuda, seniores, gente à procura de trabalho. Dizem-me coisas incríveis, algumas que nem posso dizer [risos]. Esta semana emocionei-me no “Portugal em Festa”. Estava um mar de gente a digladiar-se por um boné da SIC e eu chamei ao palco um jovem com deficiência para oferecer um boné. Ele disse-me com grande humildade “mas não era preciso”. Dizem coisas muito carinhosas. Aqui na SIC fui apresentar o Carnaval no Brasil. Quando saio no aeroporto ia um grupo de excursionistas portugueses e umas senhoras vêm ter comigo. “Nem imagina. Esperamos por si ao fim-de-semana como esperamos por Deus.” Só temos a noção do poder da nossa existência enquanto profissionais da comunicação com os programas que fazemos no Verão com os nossos emigrantes. É um abraço muito sentido.

Chega a responder às cartas e emails?

Respondo sempre. Hoje em dia é mais fácil. Mandam mensagens na minha página do Facebook e as pessoas ficam surpresas por responder logo. Acham que não sou eu. Porque não havia de ser? É natural. Porque não hei-de tirar uma foto para enviar a alguém que pediu? É tão fácil às vezes fazer as pessoas felizes.