Um Poder Real


Pensar que a equidade já foi conquistada, que o espaço das mulheres na liderança está garantido, pode levar-nos a baixar a guarda.


Liderar no feminino é um ato de confiança e ousadia.

É perceber que o mundo está sempre em construção e que podemos moldá-lo com as nossas ações. Durante muito tempo, os homens definiram as regras e os ritmos. Hoje, liderar no feminino significa afirmar a capacidade intrínseca de qualquer ser humano de criar e transformar realidades, sem barreiras, normativos ou limitações.

Em determinados contextos, parece ainda haver uma ideia persistente de que a liderança tem um único formato, muitas vezes associado a características tradicionalmente masculinas – assertividade extrema, competitividade, distanciamento emocional. E isso acontece, em parte, porque faltam referências femininas em posições de destaque. Quando não vemos mulheres a liderar, e a ter sucesso, é fácil acreditar que o modelo masculino é o único válido. Mas a verdade é que a liderança não tem uma única cara nem um único estilo.

Não há evidência de que homens liderem melhor do que mulheres. O que existe são diferentes abordagens para gerir, inspirar e tomar decisões. Algumas são mais diretas, outras mais colaborativas, algumas mais estratégicas, outras mais intuitivas – e todas podem ser igualmente eficazes. Diversidade na liderança não é só uma questão de equidade, mas de inteligência organizacional. Empresas e sociedades prosperam quando há espaço para múltiplas formas de liderar.

Tive a sorte de crescer num ambiente profissional onde a ética e o mérito sempre falaram mais alto, onde as pessoas eram diferenciadas pelo valor que acrescentavam às organizações. Mas sei que essa não é a realidade para todos. Ainda vivemos numa sociedade onde a liderança é, muitas vezes, vista como um espaço pré-determinado, e o debate sobre igualdade de direitos das mulheres continua atual – quando já deveria ser passado.

E é exatamente essa ilusão de progresso definitivo que representa um dos maiores riscos. Pensar que a equidade já foi conquistada, que o espaço das mulheres na liderança está garantido, pode levar-nos a baixar a guarda. A história mostra que direitos que parecem consolidados podem ser questionados e até retirados. Basta olhar para algumas tendências recentes para perceber que o retrocesso é uma ameaça real. O reconhecimento do valor da liderança feminina não pode ser um dado adquirido – é uma construção contínua. É preciso estar atento, continuar a desafiar normas ultrapassadas e garantir que futuras gerações não tenham que lutar pelas mesmas oportunidades que hoje ainda precisam de ser reafirmadas.

O empoderamento feminino continua urgente. O poder transformador das mulheres não é maior nem menor do que o dos homens. Ele é, simplesmente, real.

Presidente da Associação Nacional das Farmácias

Um Poder Real


Pensar que a equidade já foi conquistada, que o espaço das mulheres na liderança está garantido, pode levar-nos a baixar a guarda.


Liderar no feminino é um ato de confiança e ousadia.

É perceber que o mundo está sempre em construção e que podemos moldá-lo com as nossas ações. Durante muito tempo, os homens definiram as regras e os ritmos. Hoje, liderar no feminino significa afirmar a capacidade intrínseca de qualquer ser humano de criar e transformar realidades, sem barreiras, normativos ou limitações.

Em determinados contextos, parece ainda haver uma ideia persistente de que a liderança tem um único formato, muitas vezes associado a características tradicionalmente masculinas – assertividade extrema, competitividade, distanciamento emocional. E isso acontece, em parte, porque faltam referências femininas em posições de destaque. Quando não vemos mulheres a liderar, e a ter sucesso, é fácil acreditar que o modelo masculino é o único válido. Mas a verdade é que a liderança não tem uma única cara nem um único estilo.

Não há evidência de que homens liderem melhor do que mulheres. O que existe são diferentes abordagens para gerir, inspirar e tomar decisões. Algumas são mais diretas, outras mais colaborativas, algumas mais estratégicas, outras mais intuitivas – e todas podem ser igualmente eficazes. Diversidade na liderança não é só uma questão de equidade, mas de inteligência organizacional. Empresas e sociedades prosperam quando há espaço para múltiplas formas de liderar.

Tive a sorte de crescer num ambiente profissional onde a ética e o mérito sempre falaram mais alto, onde as pessoas eram diferenciadas pelo valor que acrescentavam às organizações. Mas sei que essa não é a realidade para todos. Ainda vivemos numa sociedade onde a liderança é, muitas vezes, vista como um espaço pré-determinado, e o debate sobre igualdade de direitos das mulheres continua atual – quando já deveria ser passado.

E é exatamente essa ilusão de progresso definitivo que representa um dos maiores riscos. Pensar que a equidade já foi conquistada, que o espaço das mulheres na liderança está garantido, pode levar-nos a baixar a guarda. A história mostra que direitos que parecem consolidados podem ser questionados e até retirados. Basta olhar para algumas tendências recentes para perceber que o retrocesso é uma ameaça real. O reconhecimento do valor da liderança feminina não pode ser um dado adquirido – é uma construção contínua. É preciso estar atento, continuar a desafiar normas ultrapassadas e garantir que futuras gerações não tenham que lutar pelas mesmas oportunidades que hoje ainda precisam de ser reafirmadas.

O empoderamento feminino continua urgente. O poder transformador das mulheres não é maior nem menor do que o dos homens. Ele é, simplesmente, real.

Presidente da Associação Nacional das Farmácias