Moçambique voltou a estar no “olho do furação”, mas desta vez por razões naturais. O ciclone tropical Chido, classificado como grau 4, o segundo mais forte na escala dos ciclones, provocou pelo menos 73 mortos, 540 feridos e afetou mais de 329 mil pessoas nas províncias de Cabo Delgado, Nampula e Niassa no norte do país, e Tete e Soflana no centro, afirmaram ontem as autoridades moçambicanas. Além das vítimas, a passagem do ciclone com ventos que atingiram os 260 km/h destruiu total ou parcialmente 52.476 casas, 150 escolas e 49 unidades de saúde, 34 edifícios públicos, 26 casas de culto, 388 postes de energia, nove sistemas de água e 454 embarcações. O país está em estado de alerta e a situação pode ser ainda mais catastrófica. Bonifácio António, técnico do Instituto Nacional de Gestão e Redução do Risco de Desastres, afirmou: «O número de mortos pode vir a subir nas próximas horas porque, à medida que as equipas fazem buscas, vai-se tendo novos registos». Para agravar a situação, milhares de pessoas estão a debater-se com a falta de água e eletricidade. O Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados alertou que 190 mil pessoas necessitam de ajuda urgentemente, a organização Save the Children advertiu que 650 mil crianças correm vários riscos e a ONU já disponibilizou quatro milhões de euros em ajuda humanitária. O drama humanitário agravou-se na província de Cabo Delgado com os vários ataques de grupos armados ligado ao Estado Islâmico que provocaram mais uma fuga da população dessa zona.
No território ultramarino francês de Mayotte, no Oceano Índico, a passagem do ciclone Chido deixou as autoridades em pânico. Até ao momento foram registadas 31 mortes, mas as autoridades receiam que centenas ou mesmo milhares de pessoas tenham morrido uma vez que as maiores zonas residenciais são compostas por barracas de metal e outras habitações frágeis e foram completamente arrasadas pelo temporal. Grande parte da população é composta por migrantes vindos de países vizinhos como as Comores e Moçambique.