O Partido Socialista lamenta que a ministra da Justiça só agora tenha falado em relação à fuga de Vale de Judeus, caso contrário, defende que poderia ter passado “a imagem de tranquilidade”.
A reação surge depois de Rita Júdice ter apontando esta terça-feira para uma “cadeia sucessiva de erros e falhas graves, grosseiras inaceitáveis e que queremos irrepetíveis” e da demissão do diretor-geral de Reinserção e Serviços Prisionais, Rui Abrunhosa Gonçalves.
“Não é por ter acontecido um episódio que é gravíssimo que a partir daqui poderemos extrapolar e aventar a hipótese de que, a partir de agora, em qualquer estabelecimento prisional, é normal que haja fugas”, diz Isabel Moreira, mas lembra que a responsabilidades destas falhas é de sucessivos governo face à falta de investimento.
Opinião contrária tem o PSD ao defender que “a ministra da Justiça preferiu ter conhecimento dos factos para depois vir ao país, e aos portugueses, prestar os devidos esclarecimentos”.
De acordo com Andreia Neto, o Governo tem estado a falar com vários sindicatos, nomeadamente o dos guardas prisionais.
Já o líder parlamentar do CDS considerou serem “muito positivas” as “explicações detalhadas da ministra, dadas logo que possível”, assim como as medidas que foram anunciadas para evitar futuros episódios. Ainda assim, Paulo Núncio referiu que “a fuga é muito grave”, afirmando que a “culpa não morreu solteira”.
E acrescentou: “A situação é gravíssima e a reputação internacional de Portugal pode ser posta em causa”.
Por seu lado, a Iniciativa Liberal pede maior ação nos sistemas prisionais, afirmando que há “um problema estrutural e generalizado” nesta área em Portugal.
E Mariana Leitão aponta o dedo: “Se sabemos que há situações tão graves quanto esta então que se olhe para eles e que não se espere para tomar as medidas necessárias”, lembrando que há vários anos que é dito que “há falta de recursos humanos, falta de recursos humanos e falta de reinserção devido à falta de técnicos”.
Esquerda aponta para falta de investimentos
Também o PCP chamou a atenção para o facto de o Governo ter reagido demasiado tarde em relação a esta fuga. E afirmou que “as demissões são decorrência natural destes factos e agora impõe-se que sejam apuradas todas as responsabilidades”.
E António Filipe não hesita: “Esta situação é consequência de décadas de falta de investimento no sistema prisional. Estamos perante falhas de segurança grosseiras que não podem acontecer”, acrescentando que “o mais importante não é fazer o diagnóstico, que está feito”, mas haver investimento nos sistemas prisionais.
Também para o líder parlamentar do Bloco de Esquerda, o “caso é muito grave e deve levar a uma reflexão profunda para que se olhe a fundo para o sistema prisional português”.
Para Fabian Figueiredo é necessário levar agora a cabo os investimentos que “foram postos na gaveta por sucessivos governos do PS e PSD”.
Já Paulo Muacho, deputado do Livre, considerou que as declarações da ministra Rita Júdice não foram suficientes para tranquilizar os portugueses após a fuga de Vale de Judeus. “Aquilo que disse foi muito pouco e ficámos com mais questões e perguntas do que respostas”.