O nosso país tem sítios incríveis, uns por descobrir outros que vão perdendo algum do seu encanto por força da massificação. Ainda assim todos nós temos aqueles lugares especiais, que nos marcam de uma forma ou de outra e que nos fazem sorrir só de reproduzir o seu nome. Às vezes são lugares na memória da nossa infância ou tão só onde gostamos de estar com pessoas que nos marcam. Espaços onde nos sentimos bem, conseguimos desligar do mundo e entrar num outro só nosso como que por magia. A vida tem destas coisas, locais que nos fazem a diferença mesmo longe de casa e que nos dão aquele conforto que apenas sentimos quando é realmente bom. Um desses “meus” é a Ilha do Farol, no Algarve. Traz-me a paz que necessito para recuperar energia, a alegria de estar com amigos e a tranquilidade para viver cada dia que por aqui passo sem horas ou grandes regras, sem obrigações ou pressas que tantas vezes nos sufocam.
O caminho que nos leva pela A2 até ao Sul é o mesmo, é em Olhão que tudo muda. A espera pelo próximo ferry (que nos pode levar também à Culatra e à Armona) já deixa um suave cheiro a férias que se traduz no encanto que é percorrer a Ria Formosa até ao destino. Uma das mais belas paisagens lusitanas, por entre barcos de pesca e alguns (poucos) de recreio. Alguns pássaros acompanham a viagem e é habitual ver por esta altura patos a nadar criando um quadro de sossego que só é interrompido pelo barulho dos motores. Chegados à ilha, uma sensação imediata de quietude, onde os únicos carros que podem circular são os das compras que alguns habitantes usam para levar os seus bens até às casas. Não há automóveis, nem motas. Só bicicletas e uma moto4 que o único minimercado usa para ir recolher os produtos ao barco, que os traz para abastecer com bens sobretudo essenciais.
Normalmente vamos já carregados de casa, para que nada falte durante a semana e apenas interrompemos a nossa estadia para ir, juntamente com muitos outros, quase de madrugada, ao mercado de Olhão comprar peixe e marisco. O dia inicia-se a tomar o café da manhã literalmente com os pés na areia, a olhar para o mar, antes de fazermos praia. Temos uma a dois passos de casa e que geralmente em Setembro se torna privada por falta de quem a frequente. É ali que se pode presenciar o mais bonito pôr-do-sol, com o Farol nas nossas costas e uma música baixinha a acompanhar. Só nessa altura essa praia ganha novos clientes, que ali ficam, silenciosos, cerca das 19h como se de um teatro ou de uma ópera se tratasse.
As jantaradas são uma parte essencial do programa. No alpendre de casa, depois de cada um mostrar os seus dotes culinários, por ali ficamos, entre um copo de vinho e dois dedos de conversa. Antes de dormir o ponto crítico da noite. Os jogos de cartas onde se libertam frustrações e muitas risadas (regra geral ganho eu, o que incomoda os meus companheiros :p). A vida é mesmo assim, entre vitórias e derrotas na Ilha do Farol todos ganhamos, sempre. Ganhamos a companhia uns dos outros e a serenidade de um sítio único que nos devolve a harmonia e o bem estar.