Uns vão para o psicólogo, os outros para o matadouro


Não devemos esquecer que, por cada cãozinho que vai ao cabeleireiro tomar um banho e fazer um novo penteado, há milhões de animais que vivem em locais cuja falta de higiene desafia qualquer descrição.


Seremos mesmo animais racionais, como parece ponto assente desde que Aristóteles assim o determinou? Quando olhamos para o tratamento que algumas pessoas dispensam aos seus animais de estimação encontramos alguns casos que desafiam toda a lógica ou mesmo o mais elementar bom senso: gatos que vão ao psicólogo, hotéis de luxo para cães, voos especiais para companheiros de quatro patas, comidas exóticas, coleiras de diamantes, entre outras mordomias. Quase apetecia dizer que é o fim da macacada!

Mas claro que esse é apenas o lado anedótico da questão. O outro lado, que devia preocupar-nos mais, é como o espetacular sucesso do homem tem levado à extinção de um sem-número de espécies, enquanto outras espécies (comestíveis) proliferam, mas em condições absolutamente deploráveis.

Não devemos esquecer que, por cada cãozinho que vai ao cabeleireiro tomar um banho e fazer um novo penteado, há milhões de animais que vivem em locais cuja falta de higiene desafia qualquer descrição.

Segundo uma estimativa da plataforma our world in data (o nosso mundo em dados), por dia são mortas para alimentação 900 mil vacas, 1,4 milhões de cabras, 1,7 milhões de ovelhas, 3,8 milhões de porcos, 12 milhões de patos, 202 milhões de galinhas e centenas de milhões de peixes.

Recordo-me de, nas páginas iniciais de Koba, o Terrível, Martin Amis citar um trecho de The Harvest of Sorrow, de Robert Conquest, sobre os anos da fome na União Soviética de Estaline. Para dar uma ideia da escala da matança, Conquest lembrava que as ações ali descritas tinham provocado a perda de vinte vidas humanas, “não por cada palavra, mas por cada letra” impressa no livro. E concluía:_“Esta frase representa 3040 vidas. O livro tem 411 páginas”.

São números esmagadores. Mas durante o tempo que levou a ler este artigo foram abatidas 600 vacas, 900 cabras, 1100 ovelhas, 2500 porcos, 8000 patos e 135 mil galinhas. A fome de Estaline custou 20 vidas por letra; matar a fome da população mundial custa aproximadamente 148 mil vidas de animais por minuto. Sem contar com os peixes! O mesmo homem que leva gatos ao psicólogo e compra coleiras de diamantes para cães mimados é o animal racional que promove e coordena esta matança.

Uns vão para o psicólogo, os outros para o matadouro


Não devemos esquecer que, por cada cãozinho que vai ao cabeleireiro tomar um banho e fazer um novo penteado, há milhões de animais que vivem em locais cuja falta de higiene desafia qualquer descrição.


Seremos mesmo animais racionais, como parece ponto assente desde que Aristóteles assim o determinou? Quando olhamos para o tratamento que algumas pessoas dispensam aos seus animais de estimação encontramos alguns casos que desafiam toda a lógica ou mesmo o mais elementar bom senso: gatos que vão ao psicólogo, hotéis de luxo para cães, voos especiais para companheiros de quatro patas, comidas exóticas, coleiras de diamantes, entre outras mordomias. Quase apetecia dizer que é o fim da macacada!

Mas claro que esse é apenas o lado anedótico da questão. O outro lado, que devia preocupar-nos mais, é como o espetacular sucesso do homem tem levado à extinção de um sem-número de espécies, enquanto outras espécies (comestíveis) proliferam, mas em condições absolutamente deploráveis.

Não devemos esquecer que, por cada cãozinho que vai ao cabeleireiro tomar um banho e fazer um novo penteado, há milhões de animais que vivem em locais cuja falta de higiene desafia qualquer descrição.

Segundo uma estimativa da plataforma our world in data (o nosso mundo em dados), por dia são mortas para alimentação 900 mil vacas, 1,4 milhões de cabras, 1,7 milhões de ovelhas, 3,8 milhões de porcos, 12 milhões de patos, 202 milhões de galinhas e centenas de milhões de peixes.

Recordo-me de, nas páginas iniciais de Koba, o Terrível, Martin Amis citar um trecho de The Harvest of Sorrow, de Robert Conquest, sobre os anos da fome na União Soviética de Estaline. Para dar uma ideia da escala da matança, Conquest lembrava que as ações ali descritas tinham provocado a perda de vinte vidas humanas, “não por cada palavra, mas por cada letra” impressa no livro. E concluía:_“Esta frase representa 3040 vidas. O livro tem 411 páginas”.

São números esmagadores. Mas durante o tempo que levou a ler este artigo foram abatidas 600 vacas, 900 cabras, 1100 ovelhas, 2500 porcos, 8000 patos e 135 mil galinhas. A fome de Estaline custou 20 vidas por letra; matar a fome da população mundial custa aproximadamente 148 mil vidas de animais por minuto. Sem contar com os peixes! O mesmo homem que leva gatos ao psicólogo e compra coleiras de diamantes para cães mimados é o animal racional que promove e coordena esta matança.