Vinicultores do Douro manifestam-se contra corte na produção de vinho do Porto

Vinicultores do Douro manifestam-se contra corte na produção de vinho do Porto


Espera-se um corte de 14.000 pipas na produção de vinho do Porto.


Os produtores de vinho, da região do Douro, estão, esta quarta-feira, em protesto, na Régua, contra o corte na produção de vinho do Porto, nesta vindima. Os vinicultores pedem ainda um maior controlo das importações de vinho e escoamento da produção a um preço justo.

Esta manifestação, convocada pela Associação dos Viticultores e da Agricultura Familiar Douriense (Avadouriense), em conjunto com a Confederação Nacional da Agricultura (CNA), protesta contra o corte no benefício, que é quantidade de mosto que cada viticultor pode destinar à produção de vinho do Porto, sendo também uma das suas principais fontes de receita.

Para a vindima deste ano, o Conselho interprofissional do Instituto dos Vinhos do Douro e Porto (IVDP) fixou o benefício nas 90.000 pipas (550 litros), o que representa um corte de 14.000 pipas na produção de vinho do Porto.

O dirigente da Avadouriense, o viticultor Vítor Herdeiro, explicou, citado pela Lusa, que este protesto tem três principais motivos: o corte no benefício, a redução do rendimento por hectare das 10 para as oito pipas e ainda as incertezas no escoamento de uvas.

“Os exportadores estão-se a preparar para não ficar com a produção, porque dizem que estão cheios”, informou o produtor de vinho, que lança alertas para a entrada de vinho importado que se tem verificado na região.

No ano passado, já se tinha verificado que muitas empresas não compraram, ou compraram menos uvas, aos viticultores por já terem os ‘stocks’ cheios.

“Isto, no nosso entender, pode ser o início de uma catástrofe social na Região Demarcada do Douro”, explicou.

Vitor Herdeiro disse também que os vinicultores, neste protesto, vão lutar por um preço justo para uvas e vinhos e o controlo e limitação das importações de vinhos e de mostos.

Em dois anos, a região do Douro perdeu 26 mil pipas de benefício, o que se reflete em menos cerca de 26 milhões de euros, tendo em conta a média de 1.000 euros por pipa.