O caso foi denunciado nas redes sociais e disseminou-se rapidamente: um monumento localizado na freguesia de Creixomil, a pouco mais de um quilómetro do centro histórico da cidade de Guimarães, foi vandalizado na noite de terça-feira. Trata-se de um Monumento Nacional (assim classificado desde 1910). o Padrão de D. João I, também conhecido como Padrão de Aljubarrota ou Padrão de São Lázaro, e foi originalmente erguido para comemorar a vitória na Batalha de Aljubarrota, após a entrada de D. João I em Guimarães em 1386.
A construção do padrão começou nesse ano ou no seguinte. Embora o padrão atual não seja o original do século XIV e não existam registos da sua substituição, data da primeira metade do século XVI, provavelmente elaborado após o foral de D. Manuel I, em 1517.
Mas este não foi o primeiro ato de vandalismo de que foi alvo. Segundo o site da Direção-Geral do Património Cultural, em 1996, a estrutura também foi vandalizada – a cruz e o baldaquino – e restaurada.
Desta vez, os moradores e a Junta de Freguesia (JF) de Creixomil reagiram de forma célere. Principalmente, nas redes sociais. Os primeiros deixaram vários comentários na publicação da autarquia, que diz respeito ao ato de vandalismo, e alguns apressaram-se a partilhar as suas desconfianças. Por exemplo, num deles lê-se: «Viva o islamismo, viva o esquerdismo, viva o socialismo, viva o comunismo, viva a toda essa gente que vai acabar com Portugal». Porém, a JF escreveu: «Caros cidadãos, vamos ter calma e deixar às autoridades fazer o seu trabalho. Depois disso tiramos a devidas conclusões. Não devemos fazer justiça sem conhecer os verdadeiros factos».
Quanto ao comunicado divulgado, a JF lamentou o sucedido, indicando um «acidente e ou eventual vandalismo». Explicitou que a Polícia Municipal esteve presente no local, «onde procedeu ao isolamento do monumento».
Contactado pelo Nascer do SOL, o presidente da JF de Creixomil, António Gonçalves, declarou que «tudo o que possa dizer em termos de vandalismo é meramente especulativo porque não se viu ninguém no local após o sucedido». «Temos de esperar pela equipa técnica e averiguar a consistência de como estava suportada a cruz. Aí, poderemos ter dados concretos», finalizou.
O Ministério da Cultura reagiu igualmente aos acontecimentos, falando num «grave atentado a um registo identitário da memória relacionada com a passagem do rei em Guimarães» e clarificando que «operacionalizou a deslocação de uma equipa técnica a Guimarães» com os objetivos de avaliar os danos e «diligenciar sobre as condições da sua recuperação e ponderar estratégias futuras de salvaguarda».