Montenegro aposta em novo capítulo na relação com Angola

Montenegro aposta em novo capítulo na relação com Angola


Primeiro-ministro acredita que a visita a Angola abriu um novo ciclo na relação entre os dois países.


Já é tradição nos governos liderados pelo PSD desde os tempos de Cavaco Silva dar especial importância às relações com Angola, deixando de lado ‘irritantes’ que possam afetar os laços de amizade entre os dois países.

Luís Montenegro não foge à regra e quis marcar os seus primeiros tempos à frente do Governo com uma deslocação oficial a Angola que decorreu esta semana entre os dias 23 e 25 de julho.

Foi uma visita em ambiente distendido que serviu para deixar sinais de uma relação renovada e deixar claro que as relações com Luanda são uma prioridade absoluta para o governo.

«Esta visita vai produzir resultados. Acredito que abrimos um novo ciclo na relação entre os dois governos, os dois povos e as suas economias», afirmou o primeiro-ministro ao Nascer do SOL no final da visita.

«Digo isto sem presunção e sem crítica. Não estamos a olhar para trás, estamos a olhar para a frente e para o futuro. Vamos agilizar mobilidade de pessoas e estimular o investimento empresarial, de portugueses em Angola e de angolanos em Portugal», complementa o primeiro-ministro, referindo-se ao passado recente, marcado por um esfriamento das relações entre os dois países.

Em 2013 o Ministério Público português abriu uma investigação em Portugal a altos dirigentes angolanos entre os quais Manuel Vicente, então vice-presidente de Angola, e Helder Vieira Dias (Kopelipa), o general que chefiava a casa militar de José Eduardo dos Santos. O caso fez correr muita tinta nos órgãos de comunicação social de Portugal e Angola e acabou por ditar a suspensão de uma parceria estratégica decidida pelo então Presidente angolano.

De lá para cá, o ‘irritante’ nas relações entre os dois países foi-se amenizando, sobretudo depois de em maio de 2023, o Ministério Público ter aceite transferir o processo para a justiça angolana, como vinha a ser reclamado por Luanda desde o início.

Nos últimos anos houve um esforço para acalmar os ânimos, sobretudo depois de o poder em Angola ter mudado para as mãos de João Lourenço.

Já com o ‘irritante’ distante na memória das relações entre os dois países, Luís Montenegro procurou esta semana abrir um novo capítulo, com um país que é considerado um dos principais parceiros estratégicos de Portugal. Se conseguiu ou não, só o futuro vai confirmar.