Atitudes do líder da JSD chocaram militantes

Atitudes do líder da JSD chocaram militantes


João Pedro Louro terá virado costas a dois familiares que viviam em condições de miséria. O atual presidente da JSD já se defendeu publicamente, mas os militantes continuam a pedir a sua demissão e o mal-estar adensa-se no seio do partido.


Depois de ter sido noticiado, há uma semana, pelo Correio da Manhã que o líder da JSD, João Pedro Louro (juntamente com o pai, Pedro Louro, presidente do PSD de Alcochete), terá permitido que o avô – Arlindo, de 86 anos – e o tio – Paulo, de 60, que sofre de doença mental – vivessem em condições miseráveis, vários militantes da Jota começaram a pedir a sua demissão nas redes sociais e o ambiente vivido no seio do partido, e sobretudo entre os laranjinhas, é pesado, como é possível perceber através do artigo que publicamos ao lado, nesta página, assinado pelo militante João Bernardo Parreira.

Basta acedermos ao Facebook da JSD para encontrarmos comentários como «Espero que este homem esteja neste momento a apresentar a sua demissão. O nosso PSD não aceita militantes destes e muito menos a exercer um cargo politico. Rua»,  «Seria de bom tom um comunicado da JSD a pronunciar-se sobre este triste assunto e com mão pesada, demitindo de imediato este senhor» ou ainda «Se Sá Carneiro fosse vivo e visse esta pandilha de cachopos a fazerem parte do partido que criou expulsava-os a pontapé». Curiosamente, na sua página oficial do Facebook, João Pedro Louro tem a citação «A política sem risco é uma chatice, mas sem ética é uma vergonha», de Francisco Sá Carneiro, assinalada como favorita.

No entretanto, a JSD_fechou as caixas de comentários em todas as publicações da sua conta oficial no Instagram.

No LinkedIn, Luís Filipe Menezes, um dos fundadores da JSD e antigo presidente do PSD, disse que quem trata desta forma os «seus mais velhos» não pode «ser dirigente significativo de um partido que se diz, Nacional, Humanista, Social Democrata e que até governa o País». Garante que a força política tem estatutos que «podem e devem levar ao afastamento desta gente» e esclareceu: «Isto se entretanto os mesmos não tiverem a vergonha suficiente para se demitirem. Cabe aos dirigentes nacionais e distritais de Setúbal terem a palavra e a iniciativa. E já».

Já o jovem dirigente – de quase 30 anos, que obteve 81% dos votos na reunião magna do partido – partilhou um vídeo, na sua conta oficial de Instagram, assegurando que «desconhecia por completo a situação» denunciada pelo Correio da Manhã, tendo dito que está «chocado», «desolado» e «envergonhado» com a «dimensão dos problemas». Ainda avançou que, nos últimos anos, a relação com o avô «era limitada a eventos familiares» e deixou mesmo claro que nunca desconfiou de que o idoso vivesse uma situação tão complicada. Falando sobre o facto de alegadamente ter tirado o avô daquela casa, assegura que este se encontra «num local seguro e digno, onde está rodeado da família». Quanto ao tio, alega que não tomou nenhuma decisão porque «infelizmente, ele é maior de idade, independente».

Mas os casos de políticos que viraram costas à família não são estranhos. Por exemplo, Steve Garvey, o principal candidato republicano ao Senado dos EUA na Califórnia, foi acusado de abandonar – ou, pelo menos, ignorar – três dos seus filhos mais velhos, um do primeiro casamento e dois outros de relacionamentos subsequentes. Este tema foi explorado pela primeira vez pelo Los Angeles Times, com base em entrevistas com três dos seus sete filhos adultos.

O Nascer do SOL contactou a JSD e o PSD mas, até à hora de fecho desta edição, não obteve qualquer resposta. E os militantes que se revoltam com a situação, atendendo à delicadeza do assunto, preferiram não prestar mais declarações.