Miss Brownie. ‘Esta loja é o meu sonho’

Miss Brownie. ‘Esta loja é o meu sonho’


O projeto Miss Brownie começou em casa. Dele fazia parte Marta, a sua funcionária e um confeiteiro. Dois anos depois abriram uma fábrica no Restelo, começaram a vender bolos para empresas como a TAP, Nestlé, Hard Rock Café, H&M, Delta. Agora, é possível visitar o novo espaço em Campo de Ourique


O gosto pelos bolos surgiu por influência do avô que foi pasteleiro durante 50 anos. Fazia de tudo, mas era especializado em queijadas de requeijão. «Fazia, na altura, no último andar da casa. Eram cerca de 400 a 500 queijadas por dia», conta à Luz Marta Cruz, de 46 anos. «Tenho um tio da minha idade e adorávamos quando o avô estendia a massa e nós o ajudávamos a moldar à forma. Levávamos horas nisso e era tão bom», lembra. De manhã quando ia para a escola levava o cheirinho atrás. 

Apesar disso, o caminho levou-a para longe da cozinha, decidindo-se pela advocacia. Anos mais tarde, teve uma ideia: começar a vender framboesas da sua produção familiar. «Sempre gostei de empreender, mas nunca o tinha feito. E nasceu a Miss Berry». O gosto cresceu e, das framboesas, passou a algo mais ambicioso. «Tinha uma funcionária em minha casa que era uma cozinheira de mão cheia. Começou a fazer os bolos para as festas de aniversário das minhas filhas e o bichinho voltou», explica. Marta pensou então que vender essas delícias que partilhava com a família e amigos em datas importantes poderia ser uma boa forma de homenagear o avô. «Enquanto a minha funcionária fazia novas experiências, eu alargava a minha rede de contactos», afirma. 

A evolução da marca 

O projeto Miss Brownie começou em casa. Dele fazia parte Marta, a sua funcionária e um confeiteiro que hoje voltou a trabalhar consigo. «Estivemos dois anos em casa e depois abrimos uma fábrica no Restelo», conta. Antes disso, Marta fez feiras de todos os tipos com o objetivo de promover a marca. «Muitas vezes o meu marido, que também é advogado, dizia-me que eu não tinha necessidade nenhuma de acordar às 4 horas para ir fazer uma feira, mas era a única forma que eu tinha de divulgar a marca.  Começou a correr muito bem», continua a empreendedora. «Nessa altura, fui ao El Corte Inglés apresentar-me e passei uma vergonha enorme. Eu produzia em casa, não tinha conhecimento nenhum de nada. Disse que gostava de vender para lá e o diretor de compras, muito simpático, começou a rir. Deve-me ter começado a seguir no Facebook e, passado um ano e meio, quando abri a fábrica no Restelo, contactou-me». «Olhe, vi que já tem loja, se quiser vir para o El Corte Inglés, em duas semanas tenho um projeto montado para ficar aqui numa pop-up durante um mês. Foi uma loucura! Comecei uma parceria que dura até hoje!», acrescenta.  

Começou a ter cada vez mais clientes. Passados dois anos de abrir a fábrica, tal como fez no El Corte Inglés, foi-se apresentar à TAP, sem conhecer ninguém. «Conheci uma rapariga responsável pelas compras e decidiram, passado algum tempo, fazer uma ação connosco para experimentar», explica. Desde então que a Miss Brownie faz os bolos de aniversário da empresa. «As empresas começaram a conhecer-nos. Penso que hoje somos das empresas que mais vende corporativo no país», acredita. Nestes últimos anos, a marca tem vendido, por exemplo, para a Nestlé, Hard Rock Café, H&M, Delta. «Temos feito coisas muito significativas para grandes empresas», aponta. 

Interrogada sobre o nome da marca – Miss Brownie –, Marta sorri. «Sempre fui uma apaixonada por chocolate. Adorava brownies e adorava o nome! Na verdade, especializámo-nos em brownies, depois é que fomos alargando. As pessoas começaram a procurar outras coisas. Temos o nosso pote de brownie à colher que tem funcionado muito bem até hoje. Fazemos muitos bolos personalizados», detalha. Segundo a empreendedora, esta é uma marca moderna «que se tem ajustado à evolução dos tempos». «Não fazemos o tradicional. Tentamos sempre fazer o que o cliente nos pede. Somos uma marca jovem, moderna, adaptável a qualquer situação», frisa, acrescentando que gosta de chegar às pessoas. «Não quero posicionar a Miss Brownie numa gama alta, quero que seja para toda a gente. Tenho vários preços. Tento não fazer preços absurdos e para alguns clientes, ajusto quando sei que não conseguem pagar. Não abandono clientes», garante.

Nova loja, novos produtos 

Relativamente aos bolos mais procurados, segundo Marta, são o red velvet, com doce de limão, e o bolo de chocolate, com caramelo salgado. No que toca aos pedidos mais estranhos «são os de despedida de solteira». «São bolos mais picantes e eu nem os publico nas redes sociais», conta em tom de brincadeira. «Mas temos feito bolos muito giros. O ano passado fizemos um com oito andares. Foi um bolo extraordinário de casamento. Levou meses a ser construído. É como se fosse um projeto de uma casa!», revela. E, como em todas as empresas, existem desafios e imprevistos. Marta lembra uma situação complicada com um outro bolo de casamento: «A cliente insistiu de tal forma que queria o bolo coberto com uma pasta de açúcar branca, preta e dourada, que nós acabámos por fazê-lo. Na verdade não queríamos e avisámos que estava muito calor. O bolo ia rachando. A pasta de açúcar foi abrindo e abrindo. A equipa teve de arranjar solução, mas foi uma aflição», explica. «Já tivemos uma situação em que o bolo foi para o cliente com a massa ou o recheio enganado, mas nunca houve problema maior. Resolvemos sempre», frisa. 

A loja em Campo de Ourique «foi um projeto muito desejado». «A loja no Restelo é uma fábrica, um ponto de entrega. Esta não. É muito moderna, muito bonita. Acho que vai ser a loja mais bonita de Campo de Ourique!», afirma orgulhosa. A loja tem 20 lugares e as pessoas vão poder provar as delícias que já conheciam, bem como outras novas. «O nosso chefe é especializado em pastelaria francesa, portanto, agora sim faz sentido mostrar todo o nosso potencial», revela. Além dos bolos, neste novo espaço, as pessoas poderão provar saladas, sanduíches, vinhos e mesmo chás franceses. «Queremos criar momentos especiais para os nossos clientes», remata.