M”ar de arAqueduto. Uma espécie de Caraíbas sem areia nem água


No centro histórico de Évora há um retiro de excelência para tempos em que o relógio é a última variável a ter em conta. Miguel Branco foi a todas, das iguarias regionais no Degust’AR à massagem no SPA. Mais uns dias e habituava-se a isto Subitamente, a vida parece fácil e o mundo é um…


No centro histórico de Évora há um retiro de excelência para tempos em que o relógio é a última variável a ter em conta. Miguel Branco foi a todas, das iguarias regionais no Degust’AR à massagem no SPA. Mais uns dias e habituava-se a isto

Subitamente, a vida parece fácil e o mundo é um espanto. Isto, claro está, do lado de dentro do hotel M”AR de AR Aqueduto, em pleno centro histórico de Évora. Sobretudo depois de uma sexta-feira em que o trânsito de Lisboa para o sul resultou numa chegada tardia, entrar nas paredes do antigo Palácio dos Sepúlveda é um fôlego de tranquilidade e requinte. Do edifício quinhentista o hotel mantém a fachada principal, uma capela, os tectos em abóbada em certas áreas e três janelas manuelinas. Tudo está arrumado ao detalhe, num confronto entre o presente e o passado. Em resumo: o paraíso existe e não está assim tão longe.

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O Degust”AR conta com a assinatura do Chefe António Nobre, e é detentor de uma cozinha que tem tanto de cuidado como de qualidade, numa espécie de fusão entre o mediterrânico e os produtos tradicionais alentejanos e eborenses – que, no fundo, são as grandes estrelas da companhia. A estadia, num dos dois quartos SPA, que se situam no piso -1, e que estão integrados nos 220m2 de área do SPA. A cama é perigosa ao ponto de não aconselharmos sestas porque é bem provável que só acorde no dia a seguir. O terraço com vista para um jardim de laranjeiras e duas espreguiçadeiras espaçosas é perfeito para um lanche ao final da tarde, ou para uma leitura matinal. E, o melhor de tudo, é que o amplo quarto conta com uma banheira circular de hidromassagem, ou seja, é como estar no SPA sem sair do seu quarto e ninguém a incomodá-lo. Apetece dizer: “O que é que quer mais?”.

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Era sexta-feira, mas no Degust”AR nunca é tarde para jantar, que é como quem diz que às 22h30 a coisa ainda se arranja, e de que maneira. Portanto é largar as malas – não sem antes ficar pasmado com a descrição do quarto que já fizemos anteriormente – e sentar à mesa para dar ao dente. O couvert depressa indica que aqui nada é ao acaso. Azeitonas marinadas, variedades de pão alentejano, azeite virgem e manteigas aromatizadas (3€). A falha maior de quem escreve estas páginas é não ser apreciador de vinho – a cara de desilusão de uma das empregadas de mesa do Degust”AR quando dissemos “pode ser antes cerveja”, deixou-nos cabisbaixo. Mal sabia a simpática senhora o que estava para vir, é que a esquisitice só nos apanha nas bebidas.

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Esfregámos as mãos, colocamos o guardanapo no colo e cá vai disto, uma ofensiva com classe e estilo como qualquer bom garfo que vê chegar à sua mesa Cogumelos Frescos à Desgut”AR (trabalhados com vinho e orégãos, 8€), Queijo de Évora gratinado com azeite e orégãos (um manjar dos deuses alentejanos, 7,50€) É certo que foi a dividir por dois, mas já dá um belo avanço para o que se segue – sobretudo quando a outra pessoa à mesa é uma rapariga com bom paladar mas estômago curto. O couvert e as entradas foram apenas a primeira parte do patrão desta ementa: o menu Degustação. O prato de peixe não deu hipótese a nada do que se seguiu. O robalo do mar corado em azeite e alho com puré de aipo e legumes grelhados (20€) desfaz-se na boca como se de uma mousse se tratasse. O naco de lombo de novilho com crosta de farinheira, ragoût de batata com cogumelos frescos, folhas de espinafres e castanhas confitadas (19€) estava um mimo, mas não abafou o nosso querido robalo. Terminámos em grande com a sericá com ameixa d”Elvas (6€) e com a Encharcada do Convento de Sta. Clara (5,50€).

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Não falar mais de comida. É esta a nossa proposta para o que resta do artigo – até aqui tinha que ser. No dia seguinte o dia começa com a certeza que fazemos parte da realeza para dormir numa suite destas. Combinámos com o Dr. Luís Marcão, Director do grupo M”AR De AR Hotels, às 11h para espreitar os cantos à casa. Quantos mais quartos víamos – Clássico, Superior e Suite – mais entendíamos que o Quarto SPA, onde ficámos alojados, é o topo disto tudo. A volta de reconhecimento passou ainda pelo B”AR Aqueduto, onde mais à noite bebemos um gin para dormir mais descansados, pelas salas de reunião de enorme dimensão e com capacidade para receber conferências, colóquios, tudo.

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Mais do que o luxo, o M”AR de AR Aqueduto é o conforto. Algo que comprovamos na relaxada tarde que passámos na piscina do hotel, encravada entre jardins e com vista para o Aqueduto da Água de Prata.

Antes disso, houve ainda tempo para conhecer o outro hotel do grupo, o M”AR de AR Muralhas, situado junto às muralhas da cidade, como o nome indica. Não tem as cinco estrelas do seu irmão – tem “apenas” quatro – mas é belo como tudo, com a piscina num jardim que assume a forma de uma espécie de vale com as muralhas em plano de fundo. Troca o rústico pelo moderno, é um recanto de charme – outro – no centro de Évora.

No dia seguinte é dia de partida. Chamem alguém com força para nos expulsar do quarto, daqui não saímos, daqui ninguém nos tira. Quem nos dera.