PSD toma vitaminas  na madeira

PSD toma vitaminas na madeira


É o primeiro embate do novo ciclo eleitoral. Montenegro tem a vitória por garantida e quer aproveitar para mostrar a partir da Madeira como é a alternativa do PSD.


As últimas sondagens não são claras, mas os social-democratas da Madeira não têm dúvidas de que a maioria absoluta está garantida nas eleições de dia 24 de setembro na Região Autónoma.

No primeiro ato eleitoral do novo ciclo político, Luís Montenegro espera boas notícias. Quarenta e nove anos depois, o PSD deverá continuar confortavelmente a governar a Madeira, em coligação com o CDS. A vitória na rentrée política é um trunfo com que o líder do PSD conta para mobilizar o eleitorado para o desafio das Europeias, um desafio que se adivinha muito mais complicado para o partido, e que é determinante para o futuro da liderança de Luís Montenegro. Dentro do partido ninguém admite menos do que uma vitória e, se isso não acontecer, acaba a paz interna entre os social-democratas.

 Nesse sentido, o líder laranja pretende tirar o máximo proveito de uma vitória na Madeira, procurando associá-la também à sua liderança e não só à gestão de Miguel Albuquerque. O primeiro sinal foi dado com a participação na habitual festa laranja do Chão da Lagoa, e ao longo de toda esta semana, com a presença na região, no âmbito da iniciativa Sentir Portugal. Montenegro aproveitou estes dias para sublinhar as diferenças de governação entre socialistas e social-democratas, sempre apontando a forma diferente como os principais problemas do país são resolvidos no continente e na Madeira. À cabeça os grandes temas: habitação, educação e saúde. «Os serviços públicos na Região Autónoma estão a funcionar e com ótimos resultados, nomeadamente a saúde e a educação», sublinha Hugo Soares, Secretário Geral do PSD.

 

Albuquerque melhor que Costa

A aposta dos dirigentes social-democratas é aproveitar a campanha eleitoral na Madeira para sublinhar diferenças. Além do ambiente pacificado que se vive nas áreas da educação e da saúde, ao contrário da tensão que se vive no continente, o Governo Regional tem já obra feita com recurso aos fundos do PRR, o que também contrasta com o que se passa a nível nacional. Miguel Albuquerque levou esta semana Luís Montenegro a visitar as obras em curso para a construção de habitação pública, mostrando assim diferenças na solução para um dos maiores problemas nacionais. A visita serviu para Montenegro demonstrar que o problema se resolve dando bom uso às verbas europeias e não com as medidas previstas no pacote ‘Mais Habitação’, recentemente aprovado no Parlamento apenas com os votos socialistas.

Mas as diferenças não ficam por aqui, o PSD quer mostrar também, a partir da Madeira, como o partido faz diferente noutras áreas fundamentais para o desenvolvimento. É o caso dos investimentos feitos na inovação e inteligência artificial, que tiveram um grande impulso também com verbas do PRR.

Para os social-democratas, o mais importante de tudo isto são os resultados que garantem, entre outras coisas, que os salários na Região Autónoma sejam hoje superiores à média nacional. Tudo argumentos para que a direção classifique o mandato de Miguel Albuquerque que agora está a terminar como «um dos melhores mandatos de sempre na região».

 

Coligação não reúne consenso

Ao mesmo tempo que ninguém contesta a expectativa de um bom resultado, o mesmo não acontece quanto à decisão de manter a coligação com o CDS nas eleições. Os críticos não veem vantagem nessa coligação, sobretudo numa altura em que os centristas estão em modo de sobrevivência e consideram que a coligação com o CDS não acrescenta nada ao esperado resultado nas eleições de 24 de setembro.

Questionado sobre esta opção, Hugo Soares diz que «o partido respeita a autonomia das estruturas regionais», ressalvando que «não faria nenhum sentido que depois dos bons resultados da coligação no Governo, os dois partidos não concorressem juntos». Em defesa da coligação, um militante e ex-deputado do PSD/Madeira acrescenta que «o mais importante é manter um parceiro à direita com quem o PSD se possa entender e isso faz-se não matando o CDS, coisa que deveria acontecer também a nível nacional».

 

Livres do fantasma do Chega 

A confiança nos bons resultados da governação de Miguel Albuquerque afasta o fantasma de possíveis negociações futuras com o partido de André Ventura. Questionado sobre essa possibilidade, Hugo Soares garante que «o PSD terá todas as condições para assegurar um Governo estável na Madeira», sem recurso a outros arranjos políticos, além da coligação com o CDS. E tal certeza alicerça-se em números: «Temos um partido coeso, como ficou demonstrado com o jantar em Porto Santo com a presença de centenas de militantes e de Alberto João Jardim, lado a lado com Miguel Albuquerque e Luís Montenegro e, ainda, com a presença de 30 mil pessoas na festa do Chão da Lagoa, um evento partidário».

Hugo Soares justifica com os bons resultados da governação de Miguel Albuquerque a maior dificuldade que o Chega enfrenta para obter resultados na Madeira. «Aqui não há voto de protesto porque as pessoas estão satisfeitas com os resultados da governação». O secretário-geral do PSD adianta que esta é a melhor forma de combater os extremos e remete para uma entrevista concedida esta semana por Francisco Assis à Rádio Observador em que o presidente do Conselho Económico e Social atribui ao Partido Socialista a responsabilidade pelo crescimento do partido de André Ventura. Na mesma entrevista, Assis avisa que os ganhos circunstanciais desta estratégia podem pôr em causa o regime democrático. Declarações que levam a direção do PSD a vincar que a maior prova do combate ao crescimento dos extremos são os resultados do exercício da governação que evitam o descontentamento, como prova o exemplo da Madeira. Transpor esta realidade para o continente é agora o desafio de Luís Montenegro.