Justiça. Casal acusado por 135 crimes de abuso sexual sobre filha menor

Justiça. Casal acusado por 135 crimes de abuso sexual sobre filha menor


Abuso terá acontecido pelo menos uma vez por semana, entre os 7 e os 16 anos anos da menina.


Um casal vai ser julgado no Tribunal Judicial de Leiria por 135 casos de abuso sexual de menor, alegadamente cometidos sobre a filha. 

A ambos, são imputados 36 crimes de abuso sexual de menor agravado e 99 crimes de abuso sexual de menor dependente, sendo que à mãe os crimes são na forma de comissão por omissão.

De acordo com o despacho de acusação, esta sexta-feira acedido pela agência Lusa, o Ministério Público (MP) relata que, entre 2012/2013 e 2021, "no interior da residência da vítima e dos seus progenitores", aquela "foi abusada sexualmente, repetidamente, em diversas circunstâncias e lugares, pelo seu pai", e "com a anuência e comparticipação da sua mãe".

Segundo o MP, quando a menina, nascida em 2005, tinha entre os 7/8 anos e os 12, os factos ocorreram num país estrangeiro, e entre os 12 e os 16 anos em Peniche. 

O pai, quando a criança tinha 7/8 "começou com as carícias na zona genital", que ocorriam "quando se ia despedir dos seus pais, à noite, na cama deles".

Reconhecendo não ser "possível concretizar a quantidade de vezes" que tal sucedeu, o MP considerou que "ocorria quase sempre ao fim de semana, porque havia mais tempo disponível", pois durante a semana" a ofendida ia deitar-se mais cedo.

"Os abusos de natureza sexual eram presenciados pela sua mãe (…) desde praticamente o início, nada fazendo esta para a proteger", descreve o despacho de acusação, referindo que não apresentada queixa-crime no país estrangeiro onde a família residia. 

Ao longo do tempo, o abuso ter-se-á agravado e já em Portugal, "os abusos de natureza sexual ocorriam no quarto dos seus pais, na residência comum", também na cama e na presença da mãe da menor, explica o MP. 

"Normalmente, o arguido (…) nada dizia", mas quando a vítima "era mais velha, ele dizia que aquilo era para a preparar para a vida futura e que a estava a ensinar", acrescenta.

O ministério escreve ainda que o pai chegou a chamar a filha para ver os pais a ter relações sexuais e, "noutras circunstâncias, também acontecia" a mãe ficar a assistir quando o pai estava a ter relações sexuais com a filha.

A ofendida, que acabou por apresentar queixa, terá chegado a pedir à mãe para falar com o pai para que este parasse, tendo ela também falado com ele e dito "que não queria continuar, porque sentia-se mal com isso".

Os crimes, segundo o MP, ocorriam pelo menos uma vez por semana. 

Em maio de 2022, a ofendida falou com a mãe e disse-lhe que iria apresentar queixa-crime" contra o pai, por recear que "ele viesse a fazer o mesmo" com a irmã, também menor, tendo a progenitora pedido para não o fazer, "tentando dissuadir a filha com argumentos relacionados com a dependência financeira, entre outros".

Nesse mesmo mês, a menor gravou uma conversa com a mãe, na qual a questionou "porque é que esta não a defendeu durante estes anos todos e porque nunca apresentou queixa contra o seu pai", tendo aquela pedido desculpa, assumido ter errado e que "iria agir de forma diferente" com a outra filha.

O casal foi detido em setembro de 2022, pela Polícia Judiciária, aguardando o julgamento em prisão preventiva.