O antigo Presidente timorense Xanana Gusmão criticou, esta sexta-feira, o apoio militar e financeiro dado à Ucrânia, lembrando que o mesmo não se passou com Timor-Leste e defendeu antes a procura de "uma solução pacífica".
"Fico mais triste quando lembro que fomos esquecidos 24 anos pelo mundo e nem uma bala e nem uma arma recebemos, e tivemos que comprar tudo isso com o nosso sangue, incluindo as fardas, sapatos, porque vários anos andámos descalços e não havia nada. Fomos simplesmente esquecidos”, disse, reconhecendo, no entanto as “consequências desastrosas” da invasão russa da Ucrânia.
Para a comunidade internacional, “o sofrimento do povo timorense não era nada”, lamentou Xanana Gusmão, que falava aos jornalistas à margem da entrega do prémio literário Guerra Junqueiro, Lusofonia, que recebeu da mão do presidente da Câmara de Freixo de Espada à Cinta, Nuno Ferreira.
“Hoje e a todas as horas falam da Ucrânia, falam de milhões e milhões de dólares. E esses milhões de dólares são para continuar uma guerra contra a Rússia e que provoca, também, problemas aqui na Europa de ordem social e económica", afirmou ainda.
“Vejo que todos os países continuam aptos a mandar milhões de dólares para a Ucrânia. Percebe-se aí que estamos todos influenciados pelos grandes decisores do mundo. Os grandes decisores do mundo estão obcecados pela hegemonia em mostrar que militarmente eu sou o melhor. Economicamente eu sou o maior. Em vez de se esforçarem através de todos os meios possíveis em procurar diálogo, procurar uma solução pacífica, mas não. Dá-se mais e mais dinheiro para armas”, criticou.