CTT. Processo de desalfandegamento, “é mais exigente do que na maioria dos países”

CTT. Processo de desalfandegamento, “é mais exigente do que na maioria dos países”


João Bento, presidente dos Correios, disse no Parlamento que a maioria das reclamações se deve ao desalfandegamento. CTT falam ainda em 100 vagas que não conseguem preencher.


“O grosso das reclamações vem do processo de desalfandegamento, que tem por base um guião da Autoridade Tributária, que é mais exigente do que na maioria dos países”. A garantia foi dada na tarde desta terça-feira por João Bento, presidente executivo dos CTT, numa audição parlamentar na comissão de Economia, a requerimento do PSD. E alertou que isso pode levar à perda de serviço, que é encaminhado para outros locais.

O responsável explicou aos deputados com exemplos adiantando que se for enviada ou recebida uma encomenda de fonte extracomunitária, com informação insuficiente, é necessário ir a um portal resolver essa questão.

Mas “se houve informação eletrónica de que a encomenda vem num determinado voo e depois, no aeroporto de origem, esse voo for mudado, a Autoridade Tributária não permite que a mesma seja libertada”. E isso só pode acontecer quando for alterada a informação e indicado um voo correto.

Por isso, diz existem “muitas reclamações” mas os CTT estão a trabalhar para que a situação seja alterada. E João Bento defendeu ainda que este setor, não só em Portugal mas a nível mundial, está em “profunda transformação”.

No Parlamento, João Bento falou ainda noutra dificuldade que é o preenchimento de vagas. “Temos tido, em média, durante o verão, mais de 100 vagas por preencher”, lamentou. E estas baixas, garantiu, têm gerado alguns constrangimentos ao longo dos anos, acentuando-se com a pandemia. Foi, “de muito longe, o pior mês de sempre, em que chegámos a ter cerca de 1.400 ausências em simultâneo”,  disse referindo-se ao pico atingido em janeiro deste ano.

Mas há mais. “Temos dificuldades que são porventura maiores do que alguma vez já o foram, porque coincide com aquilo que é alguma perturbação por falta de assiduidade associada tipicamente ao Covid, que em maio estava no segundo maior valor de sempre para nós, com uma dificuldade de contratação em férias que é, neste momento, um problema que o país atravessa”, admitiu.

E acrescentou: “Felizmente, estamos em pleno emprego. O turismo está a contratar estrangeiros. Nós não podemos. Nós consultámos todos os consulados de língua oficial portuguesa. Consultámos todas as juntas de freguesia, câmaras municipais, todos os prestadores e recrutadores de mão-de-obra temporária. E temos tido, em média, durante o verão, mais de 100 vagas por preencher”.