Alemanha diz que “há um grande consenso” com a Península Ibérica para construção do gasoduto

Alemanha diz que “há um grande consenso” com a Península Ibérica para construção do gasoduto


Esta certeza surge durante as declarações do porta-voz do governo alemão e também a poucos dias antes de uma visita do primeiro-ministro espanhol, Pedro Sánchez, à Alemanha.


A construção de um gasoduto desde Portugal até a Alemanha está a reunir cada vez mais “consenso”. Esta certeza foi confirmada, esta sexta-feira, pelo governo alemão, ao apontar que “há um grande consenso” por parte dos países da Península Ibérica e da Alemanha na criação de uma rede energética para a Europa, que está a sair fortemente penalizada pela guerra na Ucrânia.

"Há um grande consenso por parte de Portugal, Espanha e também por parte da Alemanha de que seria sensato criar essa ligação", afirmou o porta-voz do Governo alemão, Steffen Hebestreit, numa conferência de imprensa em Berlim, citado pela agência de notícias EFE.

Note-se que esta afirmação surge poucos dias antes de uma visita do primeiro-ministro espanhol, Pedro Sánchez, à Alemanha.

Segundo Hebestreit, esta questão "tem sido sempre tema de conversações anteriores" e atualmente "estão a discutir-se diferentes vias de como pode fazer-se da forma mais rápida e eficaz possível".

"Os desejos de espanhóis, alemães e portugueses são muito coincidentes" neste tema, constatou ainda o porta-voz, sem adiantar se este assunto vai estar sobre em cima da mesa na visita de Pedro Sánchez, que “vai participar como convidado de honra na reunião do Conselho de Ministros alemão", segundo uma nota do governo espanhol citada pela imprensa.

Steffen Hebestreit explicou que neste Conselho de Ministros serão abordadas, com “um convidado internacional”, Pedro Sánchez, várias questões de política interna e externa, que o primeiro tema em debate será a estratégia de segurança nacional.

Sánchez e o homólogo alemão, Olaf Scholz, irão comparecer numa conferência de imprensa conjunta na terça-feira, revelou ainda o porta-voz.

O chanceler da Alemanha defendeu publicamente, em 11 de agosto, a construção de um gasoduto pan-europeu, que ligue a Península Ibérica, desde Portugal, à Alemanha, para permitir a distribuição de gás a partir de outras origens, com o objetivo final de diminuir a dependência energética alemã e de outros países da União Europeia (UE) do gás russo.

Sublinhe-se que as ligações para transporte de energia de Portugal e Espanha ao resto da Europa são quase inexistentes, pelo que os dois países têm insistido no aceleramento dos projetos para construir gasodutos.

O objetivo é transportar gás liquefeito (e também hidrogénio, no futuro), uma vez que, por serem uma "ilha energética", Portugal e Espanha desenvolveram infraestruturas que permitem a designada "regaseificação" europeia a partir dos seus territórios. Por exemplo, em Espanha, estão localizadas no país 30% das capacidades de regaseificação de toda a UE.

No entanto, a construção está atrasada devido às implicações ambientais nos Pirinéus anunciadas pela França. Ainda assim, o primeiro-ministro espanhol está determinado em avançar com projeto, uma vez que tem o apoio unânime de Portugal e que pode contar com possíveis ligações com Itália.

"O que quero transmitir é, primeiro, a determinação de Espanha em fazer esta interconexão, segundo, o apoio de todas as instituições comunitárias, desde logo, o apoio unânime dos dois Governos da Península Ibérica, de Portugal e de Espanha, e terceiro, se não avança o plano A, temos de passar ao plano B, que é a interconexão energética entre a Península Ibérica e Itália", afirmou Sánchez.

"Agradeço sem dúvida alguma o interesse do chanceler alemão Scholz nesta interconexão, mas se não se puder fazer por causa de dificuldades na política doméstica em França, há uma alternativa", que é "fazer uma interconexão entre Espanha e Itália", acrescentou.

O líder do Governo espanhol também recordou que a própria Comissão Europeia definiu a ligação a Itália como "plano B", caso não avance o gasoduto nos Pirenéus.

"A partir daí, o que queremos é que se financie com dinheiro europeu", algo com que a Comissão Europeia está de acordo, apontou ainda.