A autópsia à criança de seis que morreu no Hospital de Santa Maria, em Lisboa, no passado domingo, e que estava com covid-19, já está concluida, contudo, de acordo com o Instituto Nacional de Medicina Legal, são necessários exames complementares, cujos resultados só deverão ser conhecidos dentro de um mês.
"Estamos a fazer tudo para que seja o mais rápido possível, mas há exames complementares que precisam de tempo para estarem concluídos. Não depende de nós, as análises têm de ser processadas. Rapidamente vamos ter os resultados, num mês teremos de certeza absoluta", afirmou a diretora da Delegação Sul do Instituto Nacional de Medicina Legal, citada esta quarta-feira pelo Jornal de Notícias.
Eugénia Cunha refere que são necessários os resultados dos exames complementares de anatomia patológica e toxicologia, pois só assim será possível "cruzar informações".
Questionada pelo JN sobre as conclusões preliminares da autópsia, a antropóloga forense afirma que não pode avançar informações desse cariz por ter sido aberto um inquérito pela Procuradoria-Geral da República (PGR).
A responsável esclarece que estes inquéritos da PGR podem ser abertos "em caso de morte ignorada ou violenta", sendo que, neste caso se trata de uma "morte ignorada", o que significa que "as causas são desconhecidas". Os resultados serão depois enviados ao Ministério Público.
Recorde-se que, na segunda-feira, o Centro Hospitalar Universitário Lisboa Norte (CHULN) revelou que um menino de seis anos com teste positivo à covid-19 e a primeira dose da vacina contra o vírus tinha morrido no dia anterior no Hospital Santa Maria e que as causas da morte estavam a ser analisadas.
O centro hospitalar afirmou, em comunicado, que a criança deu entrada no Hospital de Santa Maria no sábado com "um quadro de paragem cardiorrespiratória".
"A criança tinha a primeira dose da vacina contra a covid-19, tendo o CHULN notificado o caso ao Infarmed e à Direção-Geral da Saúde" (DGS), referia o comunicado.
Sublinhe-se que o Infarmed confirmou que está também a investigar a notificação recebida do hospital após a morte da criança.
Também na segunda-feira, o Expresso avançou que a equipa que assistiu a criança colocava outra hipótese em cima da mesa: "O menino, sem histórico de doenças, deu entrada na Urgência durante a tarde de sábado sem sinais de batimento cardíaco e de respiração e, ao ser entubado para reanimação, apresentou vestígios de vómito e de engasgamento, aparentemente por comida".
Contactado pelo i, o Centro Hospitalar Lisboa Norte não confirma essa tese e pede que se evitem especulações, sublinhando que neste momento respeita a dor da família e que as causas de morte estão a ser investigadas.
Já a Ordem dos Médicos, numa nota enviada às redações, apelou a que se "mantenha a serenidade que uma situação destas exige", reiterando que "é necessário aguardar pelas conclusões da equipa forense, nomeadamente pelos resultados da autópsia médico-legal e potenciais exames toxicológicos". A Ordem dos Médicos apelou ainda "a uma rápida atuação de todas as autoridades competentes para esclarecimento cabal dos factos".