Moderna diz que terceira administração da vacina será necessária antes do final do ano

Moderna diz que terceira administração da vacina será necessária antes do final do ano


Segundo dados preliminares de um estudo sobre a toma da terceira dose, a empresa diz que detetou um aumento dos níveis de anticorpos neutralizadores do vírus, que “tinham diminuído de forma significativa” passados seis meses após completar a vacinação. 


A fabricante norte-americana Moderna revelou, esta quinta-feira, que será necessária uma terceira dose da sua vacina contra a covid-19 antes de o ano terminar, justificando com o esperado aumento de contágios pela variante Delta.

"Cremos que um reforço será provavelmente necessário este outono, particularmente devido à Delta", indica a empresa biotecnológica, num documento no qual apresentou os seus resultados trimestrais, ao apontar lucros de 5,9 mil milhões de euros – cerca de 4,9 mil milhões de euros – com a venda da sua vacina.

Note-se que esta conclusão é divulgada após a Organização Mundial da Saúde (OMS) ter pedido um adiamento das terceiras doses, pelo menos até ao fim de setembro, de modo a que os países pobres possam ter vacinas para imunizar a sua população.

A Moderna, cuja vacina é administrada em duas doses intervaladas, está a realizar um estudo sobre uma terceira dose de reforço, na qual injetou uma quantidade de 50 microgramas num grupo de pessoas seis meses depois de terem concluído a vacinação contra a covid-19.

De acordo com os dados preliminares, a terceira dose aumentou os níveis de anticorpos neutralizadores do vírus, que "tinham diminuído de forma significativa" passados seis meses de receber as duas doses da vacina, superando ainda a eficácia obtida no ensaio clínico original do fármaco, nomeadamente em maiores de 65 anos.

Agora, a empresa norte-americana está à espera dos resultados de um teste com uma maior quantidade de dose, de 100 microgramas.

"O aumento da força da infeção resultante da variante Delta", o cansaço das medidas sanitárias de prevenção e os "efeitos sazonais", como o tempo que iremos passar em espaços fechados após o verão, "levarão a um aumento de infeções irruptivas em pessoas vacinadas", realçou a Moderna.

A decisão sobre a inoculação de uma eventual terceira dose da vacina tem sido tomada de forma diferente em vários países.

Mesmo com o apelo da OMS, França anunciou, esta quinta-feira, que quer avançar em setembro com a administração de mais um dose a idosos e pessoas vulneráveis, seguindo os passos da Alemanha que já tinha previsto esta medida. Espanha também fará o mesmo, mas ainda não chegou a um consenso sobre as datas para o reforço vacinal.

Já Israel começou a vacinar a terceira dose do fármaco da Pfizer/BioNTech em pessoas com mais de 60 anos, também com o intuito de travar a propagação da variante Delta.

Por outro lado, Portugal afastou essa possibilidade por agora, uma vez que o Infarmed, regulador nacional de medicamentos, assinalou que, à data, não existe garantias sobre a necessidade e o momento da toma da terceira dose.

O Infarmed ressalvou que, em conjunto com a Direção-Geral da Saúde (DGS), estava "a acompanhar os dados técnico-científicos à medida que estes se encontram disponíveis, nomeadamente visando a ponderação, no Plano de Vacinação contra a Covid-19, da eventual necessidade de doses adicionais ao esquema aprovado para algumas populações mais vulneráveis".